ESG e gerenciamento de resultados nos estágios de ciclo de vida e cenários de uma
economia emergente: um estudo em empresas brasileiras listadas na B3
Gerenciamento de resultados. Performance ambiental, social e de
governança. Estágios de ciclo de vida. Mercado emergente brasileiro. Cenários econômicos.
Contexto: no atendimento a múltiplos interesses, as práticas denominadas ESG são
importantes para as empresas porque promovem a sustentabilidade e a responsabilidade
corporativa, o que pode levar a benefícios financeiros, como a redução de riscos e custos
operacionais, além de melhorar a reputação da empresa e sua relação com os stakeholders.
Neste cenário de divulgação, as práticas ESG podem ajudar a mitigar o gerenciamento de
resultados financeiros, ao incentivar as empresas a operarem de forma transparente e
responsável, tendo na literatura ampla associação negativa de sua mensuração (performance)
com gerenciamento de resultados. Dentre outros fatores levantados que possam interferir
nessa relação, observam-se o efeito de ambientes moderadores endógenos de estágios de ciclo
de vida das empresas, associados a mudanças estratégicas corporativas, e, adicionalmente, de
fatores exógenos dos cenários econômicos, interferindo nas estratégias de reporte dos lucros
contábeis. Problema: considerando a economia emergente brasileira e seu mercado de
capitais, qual a relação entre o gerenciamento de resultados corporativos e performance ESG
das empresas de capital aberto brasileiras, dentro de estágios de ciclo de vida corporativo e
sob os efeitos dos cenários econômicos, incluindo o período da pandemia do Covid-19?
Objetivos: o objetivo geral desta pesquisa é examinar a relação da qualidade da informação
contábil, por meio do gerenciamento de resultados por accruals, e a performance de práticas
ou a participação de listagem ESG das empresas de capital aberto brasileiras, considerada ao
longo dos estágios de ciclo de vida corporativo, bem como em distintos cenários de períodos
econômicos do mercado emergente brasileiro. Como objetivos específicos, busca-se
evidenciar o gerenciamento de resultados por accruals e o perfil das empresas brasileiras ao
longo do período; analisar a relação do gerenciamento de resultados com a pontuação
observada das práticas ESG (performance) e a participação na listagem de sustentabilidade
empresarial e de máxima governança no mercado de capitais brasileiro; estudar o ambiente
moderador endógeno dos estágios de ciclo de vida corporativo, descritos por meio de
desempenho contábil das empresas, na mensuração do gerenciamento de resultados; e analisar
as práticas de gerenciamento de resultados sob o ambiente moderador exógeno do cenário
econômico inserido no mercado emergente brasileiro. Metodologia: a coleta de dados
financeiros das empresas da bolsa de valores brasileira foi realizada por meio do
Economática, considerando o período de 2004 a 2023. A coleta de dados ESG considerou as
pontuações do Refinitiv Eikon, a listagem da carteira teórica ISE B3 e a listagem de
governança denominada Novo Mercado da B3. Para os ambientes de interação, os estágios de
ciclo de vida foram definidos com base em Dickinson (2011) , enquanto os cenários
econômicos incluíram os períodos de crise considerados pela crise global, bem como os
cenários de crise política brasileira e o da pandemia do Covid-19. Foram estimados modelos
de regressão em duas etapas, para associação com a magnitude e direção do gerenciamento,
tendo o modelo de regressão única como alternativa, bem como apenas sua magnitude, com
base nas estimações dos resíduos pelos modelos de accruals utilizados transformados em
valores absolutos. Principais resultados: no estudo focado exclusivamente na associação
com a magnitude do gerenciamento de resultados que as dimensões social e de governança
corporativa e as pontuações consolidadas ESG e sua ponderação com as práticas
contraditórias das empresas, foi possível observar relação negativa significativa em boa parte
das interações, no efeito acumulado em cenários sem crise econômica, favorecendo a
explicação ao atendimento de múltiplos interesses, à luz da Teoria dos Stakeholders. O
ambiente com cenário de crise não apresentou grande influência na mudança de sinal em boa
parte das interações estudadas.