Preferencias por Cotas Eleitorais: Atitudes em Relacao a Grupos Sub-Representados e Apoio a Cotas de Genero e Raca
Cotas de Gênero; Representação; Survey; Experimentos; Brasil.
Alguns grupos têm sido tradicionalmente excluídos de cargos políticos. Este é o caso de mulheres, grupos raciais marginalizados, jovens e pessoas LGBTQI+. Para promover a representação de grupos específicos, alguns países adotam políticas de cotas. As cotas baseadas em gênero são as mais populares de tais instituições e estão presentes em mais de 130 países. Embora tenha existido um forte impulso global para promover a difusão das cotas de gênero nas últimas três décadas, o mesmo não aconteceu com outros tipos de cotas. A presente dissertação investiga a variação no apoio público às cotas eleitorais de gênero e de raça no Brasil, questionando por que as cotas de gênero recebem maior aceitação que as raciais, apesar da persistente sub-representação de ambos os grupos. Partindo da lacuna na literatura sobre os fatores que moldam as atitudes dos cidadãos em relação a diferentes tipos cotas, o objetivo central foi analisar os determinantes da opinião pública, mensurando as diferenças de apoio e explicando-as a partir de fatores como estereótipos, identidade de grupo, ideologia e a percepção de custo. A abordagem metodológica foi quantitativa, utilizando dados de um survey nacional com 2.020 entrevistas, realizado em 2020, que incorporou experimentos de framing e priming para estabelecer inferências causais. Os principais achados indicam que o apoio às cotas de gênero é superior ao apoio às cotas raciais, sendo a oposição às cotas raciais maior que a gênero. Demonstro também que o apoio e rejeição a ambas as políticas é determinado mais por motivos ideológicos e por atitudes sexistas do que pelo pertencimento direto ao grupo beneficiado. O enquadramento da política em uma perspectiva de custo para o grupo majoritário, seja homens ou pessoas brancas, diminui significativamente o apoio às cotas, com um efeito negativo mais acentuado para as cotas raciais. A principal conclusão é que a disputa em torno das cotas é fundamentalmente ideológica e estruturada por hierarquias sociais. Contudo, evidencio que a ancoragem no debate sobre cotas de gênero, uma política mais consolidada, eleva o apoio subsequente às cotas raciais, sugerindo um caminho estratégico promissor para ampliar a legitimidade de ações afirmativas para grupos racializados.