Incorporação de resíduo
de soldagem à arco submerso em argamassas mistas: investigação das propriedades físicas,
químicas, microestruturais e mecânicas.
Argamassa de emboço, escória de arco submerso, resistência mecânica.
A indústria da construção civil tem se destacado pela busca constante por
inovação e sustentabilidade, incorporando novos tipos de materiais e técnicas construtivas que visam
reduzir o impacto ambiental. Uma tendência crescente nesse cenário é a utilização de resíduos industriais
como matérias-primas alternativas. Essa prática inovadora promove a reciclagem e o reaproveitamento de
subprodutos que, de outra forma, seriam descartados de maneira inadequada, contribuindo para a redução
do impacto ambiental do setor. Um exemplo promissor dessa abordagem é o uso da escória de arco
submerso (EAS). Esse resíduo, gerado no processo de soldagem à arco submerso, apresenta grande
potencial para aplicação na construção civil, mas ainda é subutilizado no Brasil. Desta forma, o objetivo
deste trabalho é investigar os efeitos da incorporação da escória de arco submerso à 10%, 20% e 30%, nas
propriedades das argamassas mistas, considerando a formação de diferentes sistemas durante o processo
de hidratação do cimento através da avaliação dos aspectos físicos, químicos, microestruturais e
mecânicos. A metodologia experimental envolve a preparação de sete diferentes composições. A
primeira, designada como referência, consiste em uma mistura convencional sem adição de EAS. As
demais composições foram formuladas com teores de 10%, 20% e 30%, em duas modalidades: adição,
em que a EAS foi incorporada à mistura de referência, e substituição, em que a EAS substituiu
parcialmente o cimento, mantendo-se constante a relação água/cimento em 1,4 e a proporção 1:1:6 entre
cimento, cal e areia. Para investigar as propriedades mecânicas das argamassas produzidas, foram
realizados testes de resistência à compressão axial e resistência à tração na flexão para os períodos de 7,
14 e 28 dias. As técnicas de TGA, DTA e DSC analisaram o comportamento térmico das matrizes
cimentícias de acordo com o planejamento previamente estabelecido. As técnicas de DRX, FRX, FTIR e
MEV/EDS foram utilizadas para avaliar a microestrutura e a composição química formada pelos
materiais após a hidratação. Os resultados parciais, das argamassas com incorporação de 10% de EAS,
para as análises térmicas revelaram as principais transições térmicas, como a evaporação da água, a
desidratação da Portlandita (Ca(OH)2) e a decomposição do carbonato de cálcio (CaCO3). Para esses
achados, as argamassas com escória apresentaram menor perda de massa em algumas etapas. A técnica de
MEV/EDS, permitiu identificar a morfologia dos cristais presentes nas argamassas e quantificar os
compostos químicos em áreas de avaliação determinadas. As técnicas de DRX, FRX e FTIR
possibilitaram, respectivamente, identificar qualitativamente os compostos químicos através dos padrões
de difrações presentes nas amostras, quantificá-los quimicamente e determinar as bandas vibracionais. As
avaliações mecânicas das argamassas com adição de 10% de EAS revelaram um aumento de 12,7% na
resistência à tração na flexão aos 28 dias de cura, em comparação à argamassa de referência. Por outro
lado, a substituição de 10%, resultou na perda de resistência, tanto à compressão axial quanto à tração na
flexão. A resistência à compressão axial diminuiu 12,4%, 18,9% e 22,9% para 7, 14 e 28 dias de cura,
respectivamente. A resistência à tração na flexão apresentou reduções de 10,3% aos 7 dias e 3,2% aos 28
dias.