OCUPAR AS RUÍNAS, REENCANTAR O PENSAMENTO: DESIGN PARA A HABITABILIDADE NO ANTROPOCENO.
Cidade, Antropoceno, Sertão, Agreste, Multiespécie, Animismo, Paisagem, Autoetnografia, Design Antropologia.
Esta dissertação se concentra nas vidas latentes, humanas e não-humanas, que subsistem em cada cidade e nas antropologias que as moldam. O objetivo aqui é rever criticamente as dicotomias estabelecidas na modernidade que fundamentam a ideia de Terra como ambiente inerte pronta para ser ocupada. Dessa forma, são questionados aqui os princípios subjacentes aos modos de fabricação do ambiente construído e das formas de habitar nos grandes centros urbanos e que desconsideram a multiplicidade de seres dotados de agência e subjetividade nesse ‘Território’. Para isso, o design como principal método de produção de objetos, a cidade como espaço central desse processo, a urbanização como expressão extensiva do modelo de ocupação ocidental e o Antropoceno como período em que a humanidade se tornou uma força geológica, são confrontados pelas suas imagens reversas manifestadas nas paisagens urbanas e não urbanas. Utilizando a autoetnografia como metodologia e o perspectivismo multinaturalista como base epistemológica, esta dissertação, escrita na forma de ensaio, investiga o potencial de uma abordagem antropológica nas Ciências Sociais Aplicadas. Propõe-se a experimentação de uma antropologia projetiva que reconheça a Terra como um organismo vivo dotado de agência e subjetividade, onde o ato de projetar seja direcionado pelas relações e interações com os entes da Terra. Nesse sentido, não existe natureza a ser amansada e tornada produtiva, mas um campo de relações onde seres de todos os tipos trazem uns aos outros a existência.