"Entre o antigo e o novo”: O Artesanato em Couro do Cariri sob a Perspectiva do Circuito da Cultura.
Artesanato, Circuito da Cultura, Design, Cariri.
Nas últimas décadas, o artesanato brasileiro tem sido cada vez mais valorizado, estando na agenda governamental com o intuito de qualificar mão de obra, melhorar processos e produtos, e aumentar a renda gerada pela atividade. A percepção dos consumidores também mudou; o que um dia já foi visto como objetos de segunda categoria, atualmente está presente em espaços de consumo mais sofisticados e incorporados na criação de designers e estilistas, conferindo maior identidade cultural e singularidade às peças. Neste contexto, temos o artesanato em couro do Cariri cearense, que também tem alcançado uma projeção midiática e de consumo jamais vista. Esses artefatos em couro, antes consumidos e utilizados pela população local, principalmente pelos vaqueiros no cumprimento de seu ofício, como gibões e selas feitas no Cariri, são artefatos que testemunham uma tradição local, mas hoje são frequentemente associados a marcas de moda brasileiras e ocupam espaço em galerias de arte e lojas especializadas. Assim, notamos que os significados atrelados aos artefatos em couro se alteraram quando sua circulação sai do contexto local e são consumidos por pessoas que muitas vezes demandam outros tipos de produtos. Nos interessa, portanto, compreender como os artesãos do couro do Cariri adaptaram sua produção, que é resultado de uma tradição, para atender esses novos consumidores. Neste sentido, recorremos ao estudo de casos múltiplos para investigar três oficinas distintas, a fim de traçar comparativos que nos permitam compreender como essas mudanças ocorreram. A teoria que nos apoia nesta investigação são os Estudos Culturais, mais especificamente o Circuito da Cultura, que propõe a compreensão dos fenômenos culturais a partir de cinco momentos que interagem entre si: consumo, produção, identidade, representação e regulação.