PESSOAS IDOSAS E SMARTPHONE: Reflexões sobre o valor simbólico do artefato entre frequentadores do Centro de Referência Municipal da Pessoa Idosa, João Pessoa - PB.
pessoa idosa; tecnologia; smartphone; envelhecimento saudável; habilidade funcional.
A expressão dos desafios do envelhecimento vem se tornando mais efetiva para população brasileira nas últimas décadas, dado o crescimento significativo do número de pessoas idosas e o aumento da expectativa de vida. Por outro lado, se parte relevante da vida da população atualmente depende dos meios digitais, é necessário que o olhar da sociedade se volte à problemática do uso dessas tecnologias por idosos, de modo a contribuir com a experiência deste segmento etário. Este trabalho aborda o impacto do smartphone na vida de pessoas idosas, objetivando entender que necessidades as motivam na utilização do equipamento, a forma como se sentem quanto a este uso e a possível contribuição à sua habilidade funcional. Assim, buscamos investigar o valor simbólico atribuído ao uso do smartphone por um grupo de frequentadores do Centro de Referência da Pessoa Idosa, em João Pessoa/PB, de modo a refletir sobre a contribuição deste uso em prol de um processo envelhecimento saudável. Para isso, buscamos identificar seus contextos específicos, os apoios com que contam no processo de apropriação do equipamento e as necessidades que as motivaram à relação com o smartphone, buscando também entender como relações familiares e sociais mais amplas, que envolvem preconceitos, estigmas e possíveis crenças em torno do tema, impactam este uso. Como relação à construção metodológica, foi adotada a abordagem qualitativa a partir da pesquisa etnográfica em campo, utilizando-se das técnicas da observação participante e entrevistas semiestruturadas com diferentes categorias de atores sociais envolvidos no contexto, através das quais buscamos identificar diferentes processos aprendizado e graus de apropriação, neste uso. Como resultado, constatamos que o valor simbólico do smartphone para as pessoas idosas do CRMPI pode variar, a depender da necessidade demandada e do tipo de atividade realizada; e que o uso do equipamento pode contribuir positivamente para o envelhecimento saudável, a depender do processo de apropriação estabelecido, que poderá contribuir ou não para a promoção da habilidade funcional e da autonomia das pessoas idosas usuárias. No entanto, verificamos também, que apesar das dificuldades na realização de tarefas específicas, a maioria das atividades realizadas através do uso do smartphone cumpre papel na direção do envelhecimento saudável.