Circuitos de consagração social no campo do design: reflexões sobre a Casa Hollanda, identidade e modernidade do móvel em Pernambuco (1950-1970).
historiografia do design; identidade; móvel moderno; Casa Hollanda.
Esta pesquisa parte do pressuposto de que o fenômeno do processo de identificação ocorre na estrutura social e cultural, através da agência de indivíduos e da mediação dos artefatos, podendo estes representar simbolicamente os valores individuais, grupais e de nacionalidade. Neste sentido, a questão da identificação no artefato e o seu agenciamento nos circuitos da economia de trocas simbólicas interessa à área acadêmica e historiografia do design, em particular a do móvel no Brasil, por amalgamar o paradigma de um ethos brasileiro. Considera-se que, no artefato, tal representação se dá através dos elementos configuracionais, sua aparência, materiais e técnicas de produção, bem como pela sua forma de uso e consumo, suportados pelo agenciamento, através das estratégias e participação nos circuitos de consagração. Este trabalho leva em conta que existem mecanismos reguladores implícitos que incidem nessa elaboração, e que esse processo inclui o construto do discurso de identidade nacional no design, com rebatimentos na historiografia do campo numa interação de transformação e reprodução. A investigação vincula esses processos à constituição do campo social e profissional ligado a esse na estratégia nas trocas simbólicas. Trata-se de desdobramento e aprofundamento de pesquisa do Mestrado, cujo estudo de caso é uma empresa fundamental para a transição do móvel tradicional para o moderno, a Casa Hollanda, em Pernambuco, nas décadas de 1950 a 1970. O estudo parte do material empírico original, na forma fichamentos de artefatos, entrevistas, depoimentos e documentações impressas, e lança mão da fortuna crítica e arcabouço e historiográfico do design no Brasil, adotando como marco principal as Teorias de Campo do sociólogo Pierre Bourdieu. Esta pesquisa tem como objetivos compreender e explicar a relação entre ações e determinantes sociais na arena de interesses de ocupação de espaços de poder simbólico, social e político-econômicos. Visa demonstrar ainda como a noção de identidade é constituída em paradigma no discurso da historiografia do design no Brasil, refletindo valores em circulação na cultura, e desvendando como se dá essa elaboração e reprodução.