As marcas urbanas das mulheres da resistência do Recife: um olhar sobre os seus cotidianos e o protagonismo feminino na luta por direitos
Corpo-território; Cadúnico; Feminismos Periféricos; Marcas Urbanas.
Ao afirmarmos que a sociedade brasileira é caracterizada por múltiplas desigualdades, associadas ao racismo, sexismo e patriarcado, implicamos também que as nossas cidades se encontram planejadas, executadas e geridas sob esses mesmos paradigmas, visto que essa é materialização e reflexo daquela. Assim, esta tese parte da afirmação da existência de uma singularidade nas experiências urbanas de cada indivíduo, com base nos seus marcadores interseccionais da opressão - gênero, raça e classe social - e busca tensionar a hipótese de que o conceito proposto “marcas urbanas” oferece uma chave para a compreensão para um conjunto de variáveis que se articulam e compõem (o que acreditamos ser) uma nova escala no contexto das experiências urbanas das mulheres que residem nos territórios populares do Recife/PE: o cotidiano e a resistência/militância dessas mulheres e a produção do espaço urbano. Diante disto, o nosso objetivo é identificar se há alguma relação entre corpo e território nos cotidianos das mulheres e o protagonismo feminino na resistência/militância. Para tanto, propusemos um caminho metodológico vinculado às feministas periféricas e, a partir dos dados do CadÚnico, traçamos o perfil socioeconômico do recorte proposto, que nos levará aos corpos-territórios das doze mulheres que serão convidadas a contribuírem com a produção desse produto. Como resultado, esperamos responder a seguinte pergunta: É possível afirmar que o caráter desigual, elitista, sexista, racista e patriarcal da produção do espaço urbano impacta mais intensamente os corpos e os cotidianos das mulheres e que provoca, como resposta, uma intensa mobilização/resistência e afirmação do protagonismo feminino associado à luta pelos direitos?