O CAMPO TEÓRICO-METODOLÓGICO E A PRÁTICA INTERVENCIONISTA NAS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO DO
PATRIMÔNIO EDIFICADO NO BRASIL: o tratamento de ruínas em Laranjeiras/SE e em Cachoeira/BA para a implantação de campi universitários
Patrimônio Cultural Urbano, Ruínas, IPHAN, Programa Monumenta
Após séculos de reflexões e experiências no campo da preservação do patrimônio
cultural, consolidou-se, a nível internacional, a ideia de preservação como um ato
histórico-crítico. Tendo isso em vista, a relação entre as reflexões teórico-
metodológicas e a prática intervencionista institucional brasileira se apresenta ora
de forma aproximada, ora distanciada. No entanto, identifica-se a permanência de
uma postura “tradicional” que busca recuperar um “estado idealizado” do bem.
Assim, esta pesquisa se apresenta como forma de refletir acerca de intervenções
recentes que nos parecem reforçar essa “tradição” da postura institucional
brasileira. Como recorte de tal problemática, a presente análise concentra-se na
investigação das ações no Quarteirão dos Trapiches (Laranjeiras, SE) e no
Quarteirão Leite Alves (Cachoeira, BA) para a instalação de campi universitários
(UFS e UFRB, respectivamente) por meio das ações do Programa Monumenta.
Ambas se realizam sobre o patrimônio urbano reconhecido a nível federal e tiveram
que lidar com edificações com identificado estado de ruína – e que, portanto,
poderiam apresentar um avanço no percurso brasileiro em busca da relação
simbiótica entre a materialidade e a imaterialidade na prática da preservação. No
entanto, os resultados projetuais encontrados em ambas as intervenções possuem
diretrizes relacionadas ao chamado “estilo patrimônio”. Assim, ao analisá-los juntos,
procuramos contribuir com a reflexão da comunidade acadêmica e dos órgãos de
preservação acerca da relação entre a discussão teórico-metodológica e a prática
intervencionista brasileira, tendo em vista a responsabilidade em lidar com o
patrimônio urbano nacional e a transmissão de seus valores às gerações futuras.