Banca de QUALIFICAÇÃO: LUIZ RICARDO FONSECA MARCONDES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LUIZ RICARDO FONSECA MARCONDES
DATA : 02/10/2024
LOCAL: on line
TÍTULO:

MEMORIAL DE QUALIFICAÇÃO

COM OS PÉS E MÃOS NO CANTEIRO:
 Práxis da abordagem de Desenho-Construção e sua completude pedagógica

no contexto acadêmico brasileiro de Arquitetura . Abordagem pedagógica de ação imersiva no canteiro de obras


PALAVRAS-CHAVES:

: desenho-construção; canteiros experimentais; ensino de arquitetura.


PÁGINAS: 213
RESUMO:

A presente pesquisa investiga a formação profissional contemporânea das escolas brasileiras de arquitetura. Mais especificamente, com um enfoque social crítico, estudam-se as dificuldades no ensino prático da disciplina de projeto a partir dos reflexos oriundos da histórica separação pedagógica entre as atividades de desenho (como prática de concepção) e de construção (como prática de execução do concebido) nas estruturas curriculares. Busca-se demonstrar de que modo a dissociação entre essas práticas impacta negativamente a experiência docente ativa dentro da cadeia da produção da arquitetura, que se inicia no desenho e se encerra na obra. Com o distanciamento do canteiro de obras, percebemos hoje que temos uma formação incompleta, não holística e, provavelmente, socialmente empobrecida.  O foco da investigação são as razões e as consequências da separação pedagógica mencionada que (cor)rompeu a práxis arquitetônica dissociando o processo da concepção – o pensar, do da execução - o fazer, dissolvendo, enfim, o vínculo entre o desenho e a construção. Na linha do tempo desta investigação sobre a formação em arquitetura no Brasil, tomamos como ponto de partida um panorama social excludente que perdura até hoje, resultado, dente outros fatores, de mais de 350 anos de escravidão, e que se manifesta em toda a estrutura social, onde uns mandam e outros obedecem, uns pensam e outros executam. Assim, a pesquisa adota um certo recorte social, e situa a formação em arquitetura no seio de uma sociedade estratificada que sempre enxergou o trabalho braçal como algo de menor valor. No contexto profissional e acadêmico da arquitetura, busca-se demonstrar que, consciente ou inconscientemente, reproduzimos a exclusão e o preconceito de classes quando dissociamos o desenho da construção. É relevante compreender em que medida a formação em arquitetura seja o resultado de um processo pedagógico fragmentado onde produzimos a teoria e terceirizamos a prática àqueles que ocupam a base da pirâmide social: os operários da construção civil, os “peões”. Toda a estrutura acadêmica da arquitetura foi historicamente desenhada para a manutenção do status quo, no qual o trabalho braçal desenvolvido pelos profissionais construtores no canteiro de obras - pedreiros, marceneiros, carpinteiros, serralheiros, entre outros artesãos - subalternizado e menos valorizado, nunca foi inserido nos currículos como parte da estrutura pedagógica das escolas de arquitetura. Teríamos assim, um ciclo vicioso, onde o discente não “desce” ao canteiro de obras como ator, como ser ativo e, em não aprendendo os ofícios básicos da construção, pouco entende da materialidade da arquitetura, pouco entende dos processos construtivos, tem pouquíssima habilidade social para lidar com os diversos atores do canteiro de obras e, por consequência, carrega uma imaturidade projetual, pois tem anestesiada a sua criatividade espacial e sua capacidade de entender a cadeia produtiva que vai do desenho à obra. Esse mesmo discente se profissionaliza, segue ignorando o canteiro de obras e seus atores e, se chega a ser professor de arquitetura, reproduz essa mesma barreira social fruto do distanciamento do canteiro, aos seus alunos e alunas. É urgente uma ruptura com essa formação pela metade, com essa formação que ignora o outro lado da própria profissão da arquitetura. Contudo, na contramão dessa estrutura social baseada no preconceito de classes que manteve a dualidade na nossa formação profissional e que formulou os currículos das escolas de arquitetura nas curvas da nossa história, vemos tentativas de quebra dessa dissociação entre o desenho e o canteiro a partir de pedagogias práticas e dialógicas dentro das estruturas curriculares das Universidades. A incorporação da abordagem de imersão prática de Desenho-Construção no âmbito da formação em arquitetura no Brasil é uma dessas tentativas de resposta a essa formação quebrada, preconceituosa, pois unifica pedagogicamente o desenho e a construção nos currículos das escolas brasileiras.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 297806 - MARIA DE JESUS DE BRITTO LEITE
Interno - 1149640 - FABIANO ROCHA DINIZ
Interna - 1923921 - MARIA LUIZA MACEDO XAVIER DE FREITAS
Externo à Instituição - FRANCISCO TOLEDO BARROS - USP
Externo à Instituição - DIEGO BEJA INGLEZ DE SOUZA - UNIPORTO
Notícia cadastrada em: 02/10/2024 15:07
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