MAQUINANDO VALORES DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: significados, intelectuais e instituições de salvaguarda
Patrimônio industrial, IPHAN, intelectuais, valores
Esta tese lança um olhar sobre a noção de Patrimônio industrial e sua circulação no âmbito da esfera federal de preservação, a partir dos valores atribuídos aos bens salvaguardados ou passíveis de proteção. Como ponto de partida, aborda a noção de valor em sua dimensão filosófica; aqui entendida na perspectiva do poder, como meio e produto de jogos de poder e autoafirmação, e sua aplicação no campo da conservação - intelectuais e instituições. O texto mostra a não pertinência da atribuição de princípios universais e apresenta um leque de possibilidades de tipologias de valores. Discute ainda a noção de Patrimônio industrial e sua trajetória. No percurso traçou-se um perfil, desde o surgimento das noções de Arqueologia Industrial e Patrimônio Industrial, na década de 1950, até a adesão a estas pelas instituições, reforçando-se as diferenças existentes entre arqueologia da industrialização e patrimônio industrial, salientado que a primeira refere-se ao campo do conhecimento, enquanto o segundo à prática da conservação. A partir de revisão bibliográfica e pesquisa em fontes documentais, foi analisada a prática institucional no âmbito do IPHAN, a partir dos critérios, dimensões e valores, atribuídos a bens da cultura industrial passíveis de preservação. O recorte temporal abrangeu desde a criação da instituição até os anos 1990, contemplando as gestões de Rodrigo Mello Franco de Andrade (1938-1967), Renato Soeiro (1967-1979), Aloísio Magalhães (1979-1981) e Marcos Vinicios Vilaça (1982 - 1985). Está mostrado que o patrimônio industrial, enquanto categoria construída, não faz parte do ideário da instituição apesar do tombamento de uns poucos exemplares, boa parte destes, edifícios isolados. A inclusão de novas tipologias, a partir dos anos 1980, como arquitetura do ferro e ferroviária, instalações fabris, abastecimento e saneamento, entre outras, representou um surto, mas sem continuidade nos anos seguintes, não permitindo a absorção ou debate sobre o tema nos documentos e orientações institucionais. Espera-se que esta tese possa contribuir para novos debates, acerca do lugar do patrimônio industrial, na política federal de preservação e proteção do acervo construído representativo da história e da memória nacional.