INDIGENISMO INTEGRACIONISTA NA LITERATURA LATINO-AMERICANA: Um Estudo Comparativo entre Raza de Bronce de Alcides Árguedas e El Resplandor de Mauricio Magdaleno
América Latina. Literatura Comparada. Subalternidade. Indigenismo Integracionista. Raza de Bronce e El Resplandor.
A presente tese tem como objetivo analisar o que foi nomeado Indigenismo Integracionista ou Segunda Fase do Indigenismo Literário, apresentando as principais características desse movimento enquanto uma das vanguardas da América Latina. A abordagem teórica integra a Literatura Comparada (Coutinho, 2023; 2016; 2013; 2003; Carvalhal e Coutinho, 1994), os Estudos Culturais Pós-Coloniais no contexto das Teorias da Subalternidade (Spivak, 2010a; 2010b) e a Imagologia a partir da Antropologia do Imaginário. Para esta análise, são utilizadas as obras Raza de Bronce do boliviano Alcides Árguedas (2001; 2006) e El Resplandor do mexicano Maurício Magdaleno (1937; 1950). A abordagem literária em questão está historicamente e esteticamente centrada no período das primeiras décadas do século XX, aprofundando as questões sociais e históricas relacionadas à colonialidade, segregação e violência imposta pelos grupos oligárquicos criollos aos indígenas, tanto nos Andes quanto no México. Nesse sentido, os estudos voltam-se para a tríade de mitos fundadores na literatura ao envolverem o indígena, o colonizador e as terras latino-americanas, explorando nesses as representações de subalternidade (Grosfoguel, 2008). Essas representações são analisadas por meio da ferramenta epistemológica denominada "avatar de informante nativo" (Spivak, 2010b), que funciona como uma plataforma simbólica utilizada para perpetuar a segregação do povo andino aymará e dos otomí mexicanos pelas classes criollas oligárquicas, interpretadas como hegemônicas (Machado & Pageaux, 2001). Assim, a literatura indigenista atua como uma narrativa dos traumas e da violência imposta a esses povos (Seligmann-Silva, 2008; Kohut, 2015). Vale ressaltar que a abordagem adotada nesta pesquisa insere a literatura indigenista dessa fase em um lócus enunciativo híbrido (Ribeiro, 2012; Collins, 1997; Walter, 2015; Coutinho, 2016), configurado por uma voz emprestada de um indivíduo não indígena que busca falar em nome daqueles cujas vozes foram silenciadas (Spivak, 2010a).