O VIRTUOSO VÍCIO: A JORNADA DO HERÓI MODERNO NA LIBERTINAGEM (1801 – 1959); SEGUIDO DE “UM IMAGINÁRIO DA FRIVOLIDADE”
Erotismo; Marquês de Sade; Anaïs Nin
A presente tese de doutorado está pautada na construção de uma argumentação teórica voltada para o erotismo, partindo do princípio de tese que o herói libertino é uma modalidade de personagem moderno, cuja função retorce a noção cognitiva e adiciona uma camada a semântica para a teoria literária e estudos literários. Para construir e estabelecer um processo argumentativo, foram investigados como materialidade literária dois romances do Marquês de Sade (1740-1814): Justine, ou os infortúnios da virtude (1791) e Juliette, as prosperidades do vício (1797). Dessa maneira, por meio das modulações do Marquês de Sade, essa tese se preocupa em construir conceitos tácitos acerca do que é o libertino, a libertinagem, como também traçar um nascimento do discurso libertino dentro da Europa. Sendo assim, o argumento central é construir uma teoria que abarque o libertino como elemento central da narrativa erótica. Acompanhado dessa argumentação, a primeira parte desta pesquisa realiza uma genealogia da literatura erótica, uma exposição acerca do livro e mercado pornográfico do século XVIII, como também uma defesa de que o Marquês de Sade é parte do Romantismo. Posteriormente, é de interesse dessa tese, na segunda parte de seu corpo de texto, apresentar a obra da escritora franco-americana Anaïs Nin (1903-1977), e sua contribuição para a ficção erótica do século XX, dessa maneira, esta tese busca compreender como no romance contínuo “Cities of the Interior” (1959), estabelece uma noção de erotismo e de personagens femininas que se relacionam com a independência feminina e o estatuto de empoderamento e liberação que o feminismo promulgou no século XX. Para além disso, há registrado como a vanguarda está perpassada enquanto estética dentro do seu romance, bebendo do surrealismo, como também a alquimia para a composição do seu romance. Para além da apresentação e construção, há uma discussão acerca de como as vanguardas, em especial o surrealismo, abraçaram as tendências e postulados eróticos de Sade e, consequentemente, da teoria do personagem libertino, a trazendo para a vanguarda. A terceira e última chamada de “Imaginário da Frivolidade”, é um texto de autoria que sintetiza o pensamento da tese e da libertinagem por meio de imagens, com uma referência as postulações de Gaston Bachelard e Didi-Huberman. Três momentos centralizados por fios de conexão entre o passado e potencialidade do anacronismo das imagens.