ENSAÍSMO VISUAL DAIBERTIANO: o olhar múltiplo sobre Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa
Arlindo Daibert; Ensaísmo visual; Grande Sertão: veredas; Guimarães Rosa; Imagens do Grande Sertão.
Este trabalho propõe discutir a relação intersemiótica contida na série Imagens do Grande Sertão, de Arlindo Daibert, com o romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Nas suas construções, o artista juiz-forano não almejou criar uma ilustração do texto literário, mas sim quis fazer uma “investigação conceitual” (PONTUAL, 1987) do contexto cultural do universo rosiano, visto que para ele o desenho era uma forma de raciocínio (GUIMARÃES, 1998). Tomando tal fato como premissa, essa tese objetiva defender que Daibert construiu um ensaísmo visual, cuja definição e especificidades serão alvo da investigação a partir dos seguintes operadores conceituais: a colagem, o uso do discurso verbal como constituinte da sua obra, a estrutura labiríntica, o jogo do claro-escuro e, principalmente, a mise en abyme. Este último recurso pode ser encontrado na própria obra de Rosa ao se atentar para os inúmeros desdobramentos de estórias (DRUMOND, 2018). A partir da utilização desses “causos” como mote, o artista plástico elabora um complexo jogo de espelhos (DÄLLENBACH, 1977; ECO, 1989) recuperando e reconstruindo os marcadores pictóricos rosianos (LOUVEL, 2006; 2012), o qual foi ricamente comentado em seu Caderno de escritos (DAIBERT, 1995), tematizando tanto os personagens centrais de GS:V quanto os secundários e as influências culturais e filosóficas rosianas nas suas composições pictóricas (NOGUEIRA, 2006).