A VARIAÇÃO NA CONCORDÂNCIA DA CÓPULA “SER” EM SENTENÇAS NOMINAIS DO PORTUGUÊS QUINHENTISTA
Concordância, Sintaxe, Cópula, Português, Diacronia, Inversão
O presente trabalho constitui um estudo voltado ao português dos século XVI sobre a variação na concordância da cópula ser em sentenças nominais de estrutura NP-ser-NP, especificamente, nos casos em que há incompatibilidade entre os traços de número e/ou pessoa dos sintagmas nominais presentes nas referidas estruturas (e. g.a causa da revolta é/são as fotos na parede). A variação na concordância da cópula em predicações de nominais é um fenômeno atestado em diversas línguas, tais como italiano, alemão, holandês, islandês e faroês modernos (cf. Moro, 1997 para italiano; Hartmann; Heycock, 2020 para alemão, holandês, islandês e faroês). Na literatura gerativista, a possibilidade de variação tem sido frequentemente relacionada às sentenças denominadas especificacionais e ao fenômeno da inversão de predicado, devido à não canonicidade da concordância da cópula com o NP2 em línguas de sujeito inicial. Observamos que no português do século XVI, a mesma possibilidade de concordância “inversa” com o NP2 é encontrada em contextos limitados, não necessariamente relacionado a estruturas especificacionais. Estudos sobre o português clássico (PCl), do qual faz parte o português do século XVI, têm adotado uma perspectiva de movimento sintático do verbo e constituintes fronteados para o domínio de CP (Torres Morais, 1995; Paixão de Sousa, 2004; Gibrail, 2007; Antonelli, 2008). Diante desse cenário, buscamos descrever os dados encontrados e apresentar caminhos possíveis para sua análise no modelo de Princípios e Parâmetros em sua versão minimalista (Chomsky, 1995). Consideramos ainda aspectos semânticos próprios da predicação nominal discutidos por Mikkelsen (2004; 2005; 2011) e Raposo (2013), bem como questões relativas à concordância verbal no passado do português, apresentadas principalmente a partir dos trabalhos de Mattos e Silva (1989; 2002; 2006).