ANA CRISTINA CESAR: PRESSUPOSTOS DE UM TRABALHO CRÍTICO À LUZ DA IMPRENSA
Palavras-chave: Crítica literária; Imprensa alternativa; Jornalismo cultural.
Este trabalho intenta sistematizar os pressupostos da atividade crítica exercida por Ana Cristina Cesar (1952-1983) em jornais e revistas, entre os anos de 1975 e 1983. Pretendemos, então, observar as linhas programáticas que orientam as análises às obras, destacando traços recorrentes em sua abordagem, bem como depreender uma possível concepção de literatura subjacente, isto é, quais elementos a autora observa como favoráveis/desfavoráveis às obras e os respectivos porquês por ela apresentados. Em nossa análise, observamos, ainda, a relevância da materialidade dos textos para sua significação, recortando distinto momento cultural, sob repressão da Ditadura Civil-Militar, em que boa parte dos ensaios críticos de Ana Cristina ocupam os periódicos ditos “alternativos”, alguns – por seu formato tablóide – também conhecidos como “imprensa nanica” (Kucinski, 1991; Camargo, 2012; Braga, 1991). Tais veículos representam importante momento inicial, em que a autora forja um estilo de crítica literária, para ocupar, ao fim da vida, periódicos de maior prestígio. Nisto, destacamos características contextuais de cada veículo em que a autora publicou, quais sejam: Opinião, Beijo, Revista Colóquio/Letras, Almanaque – Cadernos de Literatura e Ensaio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Leia Livros, Veja e IstoÉ. O percurso teórico-metodológico estabelecido considera a obra crítica de uma “primeira fase” de Ana Cristina Cesar, em periódicos alternativos, para leitura da obra crítica de uma possível “segunda fase”, em periódicos de maior prestígio, organizando e testando os limites dessa divisão. A consideração do veículo como ponto relevante para a leitura dos textos é orientada pela reflexão contextual sobre a crítica literária no Brasil, desenvolvida por Rocha (2013), e pela investigação de jornais alternativos das décadas de 1970/80 (Bosi, V., 2021; Kucinski, 1991), com isso, reflete-se, ainda, os impactos da censura prévia à imprensa (Kushnir, 2012); ademais, o percurso teórico-metodológico é reforçado a partir da consideração de pesquisas anteriores que tiveram como objeto a obra da autora em questão, como Camargo (2003), Pontes (2020), Boaventura (2007), Süssekind (2016) e Masutti (1995).