PPGL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS - CAC DEPARTAMENTO DE LETRAS - CAC Phone: (81) 99262-6709

Banca de DEFESA: GIOVANI BUFFON ORLANDINI

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: GIOVANI BUFFON ORLANDINI
DATA : 25/04/2025
HORA: 14:00
LOCAL: remoto via google meet
TÍTULO:

Literatura, memória individual e o passado que não passa: a representação do fantasma da ditadura civil-militar brasileira nos testemunhos ficcionais contemporâneos de Não falei e A glória e seu cortejo de horrores.


PALAVRAS-CHAVES:

romance brasileiro contemporâneo; fantasma da ditadura civil-militar; memória individual; processo social e forma literária.


PÁGINAS: 278
RESUMO:

Nosso trabalho propõe uma investigação acerca da representação, em romances brasileiros contemporâneos, das persistências espectrais e insidiosas, na sociabilidade democrática atual, de estruturas oriundas do período de vigência da ditadura civil-militar brasileira – o chamado fantasma da ditadura (Safatle; Teles, 2010). Ocorre uma espécie de recorrência e continuidade temática acerca do assunto em nossas narrativas mais recentes (Welter, 2015), demonstrando a existência de um conjunto de obras que, utilizando-se da memória de personagens de ficção enquanto princípio formal organizador da diegese, reelabora, literariamente, possíveis significações
acerca da permanência hodierna desse passado específico. Sem perder de vista a constância dessas estruturas no tempo presente, esses romances exploram diferentes esferas da vida social atingidas por essa herança,
contribuindo esteticamente para um processo de elaboração individual e coletiva ainda em aberto – um conjunto de obras que denominamos de combinadas e variadas. Partindo da investigação sobre os mecanismos de funcionamento da memória individual (Assmann, 2011; Jelin, 2002; Gagnebin, 2006) e de suas relações com o campo literário (Sarlo, 2005), aliada ao aparato teórico da crítica dialética, que articula processos sociais e formas literárias (Candido, 2006; Schwarz, 2012), propomos a leitura crítica de dois romances pertencentes ao mencionado conjunto, as saber, Não falei (Bracher, 2004) e A glória e seu cortejo de horrores (Torres, 2017a), selecionados por pontos de convergência e divergência estruturais. Enquanto o primeiro romance representa as memórias ficcionais de Gustavo, uma vítima direta da ditadura – prisão arbitrária, tortura, desagregação familiar e suas implicações enquanto processo traumático –, o segundo encena a trajetória de Mario, uma vítima indireta – um artista cuja carreira é profundamente impactada pelos desdobramentos do entrelaçamento entre os interesses do regime e a expansão da indústria cultural brasileira. Ou seja, abordando desdobramentos diferentes das tensões próprias desse passado que não passa, as obras elaboram, no presente, e tendo a memória individual e ficcional dos protagonistas como elemento formativo básico, mediações literárias que iluminam sentidos próprios do processo como um todo – seja em relação às inflexões de nossa prosa ficcional recente, seja no debate mais amplo sobre os traços políticos, sociais e históricos que conformam a contemporaneidade nacional. O campo dos estudos literários tende a enquadrar esses romances na tradição teórica da literatura de testemunho (Batista; Sarmento-Pantoja, 2014), cujos pressupostos e fundamentos foram consolidados ao longo do último século (De Marco, 2004).

Embora esse arcabouço teórico tenha relevância, consideramos que sua aplicação a essas obras pode ser, de certo modo, limitada e redutora. Nesse sentido, propomos uma abordagem crítica que revisita e tensiona esses pressupostos, ampliando o escopo da discussão por meio do que denominamos de testemunho ficcional – um conceito que reconhece o modo pelo qual a literatura, valendo-se dos mecanismos da memória, não apenas dá forma a experiências e memórias individuais, mas ultrapassa a dimensão empírica, elaborando um testemunho que opera no campo da criação e da reinvenção estética – natureza própria da linguagem ficcional, algumas vezes relegada a planos secundários.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1420448 - RICARDO POSTAL
Interna - 2166090 - IMARA BEMFICA MINEIRO
Interno - 3100501 - TIAGO HERMANO BREUNIG
Externo à Instituição - HOMERO JOSÉ VIZEU ARAÚJO - UFRGS
Externa à Instituição - JULIANE VARGAS WELTER - UFRN
Notícia cadastrada em: 07/04/2025 13:07
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