Banca de QUALIFICAÇÃO: LAEIGUEA BEZERRA DE SOUZA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LAEIGUEA BEZERRA DE SOUZA
DATA : 27/02/2025
LOCAL: Google Meet
TÍTULO:

“SUXTENTA, DONA MARIA!”: CULTURA, ARTE E RESISTÊNCIA PAJEUZEIRA NA VOZ DE JÉSSICA CAITANO

PALAVRAS-CHAVES:

Sertão. Arte. Formação Discursiva. Resistência.

PÁGINAS: 90
RESUMO:

A presente pesquisa é fruto de indagações, enquanto mulher sertaneja, produtora cultural e educadora, acerca dos estereótipos associados ao sertão e o que é ser sertanejo. Demarco o Sertão do Alto Pajeú pernambucano como referência para o que propomos aqui. Foi nas minhas experiências na região em diálogo com o litoral que comecei a me incomodar com comentários que não correspondiam ao espaço que me formou. Por outro lado, fui me identificando com as falas nas composições da artista de Triunfo – PE, Jéssica Caitano. Ela é arte-educadora, compositora, cantora, repentista, mulher lésbica, preta-indígena, com um corpo dissidente que mora em um quilombo urbano. Dentro de toda essa formação, pelas suas composições, acredito que ela propõe uma relação de complementaridade entre os sertões ditos “tradicional” e “moderno”, que sempre foram tratados como antagônicos e traduzidos através de uma formação discursiva única. Nesse sentido, objetivo compreender os gestos de autoria que caracterizam o trabalho de Jéssica Caitano e seus movimentos de apropriação-ruptura do imaginário sobre o sertão que apontam para formas outras de identificação dos sujeitos com esse espaço. Para atingir tal objetivo, pretendo: Compreender o imaginário sobre o sertão tradicional e a possibilidade de tratar esses discursos como parte de uma Formação Discursiva sobre o sertão; Compreender a partir de que posição enunciam esses sujeitos que dizem o sertão tradicional e suas formas de dizer o sertanejo como o outro; Observar e compreender como o sertão tradicional comparece nas composições de Jéssica Caetano e que deslocamentos se produzem sobre o sertão e os sertanejos em suas canções; Compreender os gestos de autoria e resistência que se produzem por meio de sua poesia-performance com relação às formas de compreender o sertão e o sertanejo. A base teórica parte da Análise do Discurso pecheuxtiana nas noções de imaginário e memória e a teorização sobre as formações - Formação Discursiva (FOUCAULT, 1987), formação ideológica (PÊCHEUX; FUCHS 1997) e tomada de posição (FOUCAULT, 1987; PÊCHEUX, 1995; 1997; 1999; 2006). Quanto ao conceito de resistência, a leitura inicial de De Nardi e Nascimento (2016), nos apontam a necessidade de aprofundamento no tema principalmente com Orlandi (2017). Considerando a importância que pode assumir em nossa investigação a questão da autoria, buscaremos, então, entender a relação entre gestos de interpretação e autoria na produção da artista (Orlandi, 2007; 2009). A partir da natureza do discurso de Jéssica, artístico, vamos dialogar com o que, na Análise do Discurso, tem sido produzido sobre as noções de arte e cultura especialmente a partir das contribuições de Neckel (2004; 2005). Considerando também a dissidência da compositora e os temas das suas produções, faz-se necessário discutir o conceito de decolonialidade com Maria Lugones (2014) e Ochy Curiel (2019). Na identificação dos elementos que compõem as visões sobre o Sertão (ou Sertões), teremos como base Castro (1984) e Albuquerque Júnior (2011), Cascudo (2005), Neto (2016), Tavares (2016) e Costa (2007). É uma pesquisa que extrapola os limites da academia e traz para o centro corpos, histórias e produções artísticas que, historicamente, foram invisibilizados.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1726965 - FABIELE STOCKMANS DE NARDI SOTTILI
Interna - 1076102 - FERNANDA CORREA SILVEIRA GALLI
Externa à Instituição - PAULA MANUELLA SILVA DE SANTANA - UFRPE