CONFIGURAÇÕES DAS SOLIDÕES NO ROMANCE ENQUANTO OS DENTES
solidão; Carlos Eduardo Pereira; E nquanto os Dentes; masculinidades; subalternidades;
Este trabalho tem como objetivo realizar uma leitura crítica do romance Enquanto os Dentes (2017), do escritor fluminense Carlos Eduardo Pereira, a fim de analisar a solidão como presença inquestionável e inseparável na vida de sujeitos subalternizados. Para tal, aproximamos diferentes campos do conhecimento sob a perspectiva dos Estudos Culturais, utilizando como base para nossa pesquisa os estudos das masculinidades com Connell (2005), Nolasco (1995) e Kimmell (1998 e 2006) e da solidão pela vertente psicanalítica e sociológica/cultural, com suporte teórico de Weiss (1973), Dunker (2017), Minois (2019) e Tanis (2003), aproximando-os do estatuto ficcional do texto literário por meio da análise formal, com Ginzburg (2012) e Dalcastagnè (2012). A conexão entre estas áreas permitiu compreender a condição de uma solidão duplamente condicionada ao protagonista do romance, Antônio. Identificamos que esse personagem tem uma solidão potencializada porque ele faz parte de um grupo de homens socialmente marginalizados, agrupados hierarquicamente numa categoria de masculinidade subalterna. Além da solidão primeira, inerente à espécie humana, ela é também social e culturalmente condicionada aos sujeitos cujo corpo destoa da hegemonia do masculino. Sendo assim, a solidão no romance assume configurações: sociais e culturais, manifestas na diegese; e formais, expressas pelo modo como o romance foi escrito.