A POSSE NOMINAL EM APARAI: UMA LÍNGUA DA FAMÍLIA CARIBE (KARÍB)
descrição; língua Aparai; expressão de posse; família Karíb.
O presente trabalho aborda a posse nominal na língua Aparai, falada pela comunidade homônima, residente na Terra Indígena Paru D’este, ao norte do Estado do Pará. Utilizando uma abordagem funcionalista, busca-se compreender a organização da noção de posse nessa língua, analisando como ocorrem essas construções. A pesquisa adota uma metodologia qualitativa, concentrando-se em trabalho de campo na aldeia Bona na Terra Indígena Rio Paru D’este. Foram utilizados nesta pesquisa os dados linguísticos coletados in loco, durante a vigência do curso de Mestrado, junto à Pós-Graduação de Letras (UFPE), assim como as anotações prévias realizadas pela autora, durante sua vivência como professora no âmbito da educação escolar indígena. O estudo contou com a participação de seis indivíduos Aparai, que contribuíram voluntariamente com a coleta de dados conforme critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos nas normas do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco. A literatura de abordagem funcionalista utilizada inclui os pesquisadores Hallyday (1989), Heine (2001); Haspelmath (2008); e Stassen (2009 apud Dixon (2010) e Aikhenvald (2013), que exploram construções possessivas em diferentes línguas encontradas na América Latina e na Amazônia. Além da base teórica, também foram consultados estudos sobre posse em línguas Caribeno Parque do Tumucumaque, realizados por Tavares (2005) e Meira (1999), a fim melhor compreender a relação entre elas. Como resultado, observamos que a posse em Aparai é um fenômeno complexo, marcado pela interação de fatores morfossintáticos e semânticos. As construções possessivas apresentam características específicas, como a distinção entre posse alienável e inalienável, através da presença simultânea, de um lado, de prefixos pessoais possessivos e de, de outro, de marcadores de inalienabilidade e de alienabilidade. Casos de exceção, ou com morfologia irregular, assim como alomorfias decorrentes de condicionamento fonológico também foram observados e descritos neste estudo. Com base nos resultados pretendemos propor futuramente a organização de materiais que possam integrar o conhecimento produzido sobre a construção da posse na língua Aparai no contexto da educação escolar em língua indígena, como, por exemplo, o desenvolvimento de material didático.