AS QUESTÕES DE GÊNERO NAS ENGENHARIAS: entre memórias, experiências traumáticas, relações de poder e o despossuir-se da norma
Gênero; Mulheres; Engenharias; História Oral; Memória.
Esta pesquisa apresenta uma análise acerca da presença feminina no campo das engenharias, setor historicamente marcado por uma percepção cultural que o associa a uma esfera predominantemente masculina. Ao longo das últimas sete décadas do século XX no Brasil, observa-se que a participação das mulheres neste campo não ultrapassa a marca de 20%. Tal sub-representação resulta de fatores estruturais complexos — incluindo políticas públicas, construções culturais e discursivas, além da força do patriarcado e da violência simbólica e física — que contribuem para a exclusão feminina neste setor no Estado da Paraíba. Com base numa abordagem qualitativa, este estudo tem como objetivo analisar, à luz de conceitos como gênero e memória, as relações de poder e exclusão que permeiam o campo das engenharias. Para tanto, a metodologia adotada envolve a História Oral como estratégia para revisitar e interpretar narrativas que revelam experiências e subjetividades das mulheres neste campo. Além disso, o estudo realiza uma análise de fontes documentais, incluindo matérias jornalísticas, notas de repúdio e manifestações em redes sociais, complementadas por uma revisão bibliográfica abrangente sobre gênero, memória e tecnologia. Observou-se que as manifestações de poder — expressas pela linguagem, pela coação e pela interiorização de valores — têm sido vias de diversas formas de violência contra as mulheres nas engenharias, funcionando como estratégias para excluí-las desse ambiente. Contudo, a resistência, por meio de processos de despossessão, vem gradualmente solidificando a presença feminina nesse campo técnico.