ENTRE A FÉ E O MEDO: CRISTÃOS-NOVOS PRESOS PELO SANTO OFÍCIO (PARAÍBA, SÉCULO XVIII)
Inquisição, Criptojudaismo, Paraíba, Século XVIII.
Este estudo investiga uma comunidade marrana na capitania da Paraíba durante o século XVIII, utilizando diferentes processos inquisitoriais que documentam prisões efetuadas pelo Santo Ofício nessa região entre os anos 1529 e 1535. As famílias envolvidas foram gradualmente acusadas de práticas judaicas em um ambiente de proibições e perseguições dentro de uma sociedade oficialmente católica. Através da análise desses processos, o trabalho revela como as famílias marranas, vivendo sob um regime católico de proibições, mantiveram sua identidade judaica em segredo, adaptando suas práticas ao ambiente clandestino. O estudo compreende a definição de marranismo, conforme Cecil Roth, como a resistência cultural e religiosa dos judeus forçados a se converter ao cristianismo, e explora a complexidade da identidade dos criptojudeus, marcada pela ambiguidade entre a aparência cristã e a prática judaica secreta. Além disso, o trabalho destaca a importância da transmissão oral das tradições judaicas e a adaptabilidade dos marranos ao contexto colonial. A pesquisa também examina a influência da presença holandesa na Paraíba, destacando a importância do período de judaísmo livre na região, e analisa as dinâmicas das denúncias e processos inquisitoriais, oferecendo um panorama detalhado das práticas religiosas e da vida material dos cristãos-novos. Com base em uma revisão extensa da literatura acadêmica, de documentos inquisitoriais e outras fontes historiográficas, o estudo contribui para uma compreensão mais profunda da vivência dos criptojudeus na Paraíba do século XVIII, revelando a complexidade das estratégias de sobrevivência e resistência dessa comunidade.