Impacto das variações ambientais nos processos evolucionários
Mudança ambiental. Relevo de adaptação. Caminhada adaptativa.
Previsibilidade. Plasticidade fenotípica.
O presente trabalho aborda o problema da adaptação a ambientes em mudança. No contexto
da teoria dos relevos de adaptação, o impacto de uma mudança ambiental sazonal e
unidirecional finita sobre os níveis de adaptação e, mais importante, sobre a repetibilidade do
processo evolutivo são explorados. A implementação de relevos de adaptação que variam ao
longo do tempo, por vezes denominados seascapes, permite investigar concomitantemente as
duas principais contingências do efeito de uma mutação: as condições ambientais e a interação
entre loci, mais conhecida como epistasia nas ciências biológicas. Os relevos de adaptação e a
dinâmica populacional aplicados correspondem tanto a processos estocásticos, como é comum
no paradigma evolucionário, quanto a sistemas complexos, de modo que os resultados são obtidos
a partir de simulações de Monte Carlo. As trajetórias evolutivas são registradas como séries
temporais de genótipos, a partir das quais é realizada uma análise estatística. Alternativamente,
um cenário de mudança ambiental sustentada é estudado analiticamente. Partindo da hipótese
padrão de seleção e mutação Gaussianas, o estado estacionário da evolução fenotípica de uma
população muito grande é encontrado, e o paradigma da população em declínio é explorado
em termos da taxa crítica de mudança ambiental. Neste modelo de genética quantitativa, a
presença de plasticidade linear manifesta uma propriedade interessante: apesar dos benefícios
inegáveis para a aptidão média da população, a plasticidade também acarreta um custo em
termos de tempo de recuperação de perturbações.