PROFILAXIA DA ALIENAÇÃO COLONIAL: IMPLICAÇÕES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO DE FRANTZ FANON PARA A PSICANÁLISE
colonialismo; racismo; sociogênese
O pensamento fanoniano é notoriamente conhecido por conta de seu caráter político, dada sua radicalidade tanto enquanto crítica à sociedade ocidental, estruturada através de um processo de racialização hierarquizada, quanto na sua formulação de projeto de emancipação do colonizado através do uso da violência revolucionária. Entretanto, seu trabalho não se resume a uma dimensão estritamente político-revolucionária propagandista, possuindo elementos que permitem, através de seus escritos, uma análise aprofundada tanto das condições objetivas da realidade concreta, como também da dimensão subjetiva, especialmente no tocante ao processo de subjetivação do negro colonizado. Nesse sentido, defendo que a obra de Frantz Fanon compõe uma construção contínua que não pode ser desmembrada, necessitando ser vista na mesma complexidade teórica com a qual foi escrita, de modo que há, em seu pensamento, desde a primeira até sua última obra, a presença de elementos que são apresentados, revisitados e modificados, funcionando como um fio condutor: o corpo, a liberdade e a violência. Onde tais conceitos são presentes em contínuo, mas não configuram uma redução absoluta do pensamento fanoniano. Utilizando, da análise orientada, a busca pela prioridade ontológica do objeto, argumento que as experiências vívidas do autor modificaram tanto a compreensão quanto a apreensão destas bases, ao acentuar o caráter de centralidade do colonialismo e do racismo no processo de consolidação de empreendimento capitalista que é a sociedade neoliberal contemporânea. Sustento, assim, que a obra fanoniana dispõe de um timoneiro epistêmico inegociável enquanto tríade de compreensão do sujeito (linguagem, subjetividade e sociedade), onde há a substituição do modelo ontogênico pelo sociogênico.