Banca de DEFESA: QUENIA AGNES DE FRANCA SILVA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: QUENIA AGNES DE FRANCA SILVA
DATA : 15/09/2025
HORA: 09:00
LOCAL: Remota
TÍTULO:

ONTOLOGIA DO CANDOMBLE: um estudo sobre Aṣe e existencia.


PALAVRAS-CHAVES:

candomble, ase, existência, ontologia


PÁGINAS: 58
RESUMO:

Compreender o culto aos Òrìṣàs é igualmente necessário para um entendimento sobre a representação material do Àṣẹ da Natureza. O transe mediúnico é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ. Logo, os Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ são a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico. Consideraremos que a oralidade é a constituição fundamental tanto da mitologia quanto da epistemologia do Candomblé, os itãs - histórias sagradas – são a espinha dorsal do desvelamento filosófico africano do Candomblé brasileiro. O Àṣẹ é um dos fundamentos primordiais deste culto, por isso, buscaremos compreender a ontologia do candomblé.
Analisando então, esse conceito dentro da filosofia afrodiaspórica e Yoruba. Para compreendermos o culto aos Òrìṣàs é igualmente necessário para um entendimento sobre a representação material do Àṣẹ da Natureza. No candomblé o transe mediúnico, processo pelo qual o médium vira sua Natureza, é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ. Logo, os Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ constituem a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico. Nesse sentido, o estudo se desdobrará sobre como os Òrìṣàs carregam consigo o Àṣẹ e assim, são considerados transportadores da natureza motriz de tudo que existe a partir da perspectiva do transe. Esta natureza primeira foi feita através do Àṣẹ de Olódùmarè, ou seja, foi por meio do Àṣẹ de Olódùmarè que tudo começou a existir, e, a partir Dele, tudo que tem vida carrega este Àṣẹ. Dessa forma, os Òrìṣàs são como uma atualização e manutenção do Àṣẹ de Olódùmarè na terra (Àiyé). Sendo assim, os Òrìṣàs são o caminho para nos conectarmos com o Àṣẹ divino, com o Àṣẹ de criação. É por meio do Àṣẹ que permeia a existência que os Òrìṣà conseguem ter contato com os devotos nas casas de Candomblé, pois o Àṣẹ é vida e movimento, ou seja, é a vida que se movimenta constante e fluidamente. A religiosidade do candomblé, é feita a partir da troca da movimentação do Àṣẹ com o candomblecista. Esta troca se apresenta como uma presença que se propaga continuamente e fluidamente possibilitando uma conexão entre o mundo metafísico (Orun) e do mundo material imanentemente. Sendo assim, o Àṣẹ é uma existência que se mantém, constitui e permanece. O contato entre Òrìṣà e Ọmọ oriṣá ocorre por meio de uma troca momentânea da vida do candomblecista pela existência do Òrìṣà no mundo. Nos terreiros de Candomblé, assim como em algumas nações em território africano que se culta Òrìṣàs, é possível ver pessoas em transe com seu Òrìṣà dançando, festejando com uma força e energia que aparenta ser sobre-humana, pois não parece haver cansaço. Essa força é a força do Òrìṣà que é expressa por meio dos seus filhos. A troca entre o candomblecista e o Òrìṣà é chamada de transe nos vodunsis que cultuam o Candomblé. Ela nada mais é do que a demonstração física do Àṣẹ do Òrìṣà na natureza material em sua Essência de tal forma que ela é única e individual. Por meio da troca o Àṣẹ do Òrìṣà demonstra-se para o mundo material e possibilita autoconhecimento e re-ligação do iniciado ao Àṣẹ divino. Isso se efetiva por intermédio dos batuques e louvações dentro de um Ilé. Portanto, compreender o processo do transe é essencial para entender como se dá a ligação direta do humano com o divino. É com o transe, proporcionado pelo Àṣẹ, que o 5 humano e o divino se reconectam e que os Òrìṣàs se apresentam ao mundo. Por isso, é necessário entender os conceitos afrocêntricos no campo metafísico e epistemológico que possibilitaram uma base para o culto aos Òrìṣà no Candomblé. A dissertação se dará a partir de conceitos filosóficos Yorubas e afro-diaspóricos, como constituição do pensamento da estrutura do candomblé. Expondo que existe e existiu uma filosofia africana que contempla o saber africano. Construiremos assim, uma visão de cosmogonia divergente e anterior ao pensamento greco-europeu de concepção de mundo que persiste até hoje e está viva dentro dos terreiros do Brasil. Propomos estabelecer o Àṣẹ como conceito ontológico do existir. Para tal, nos apoiaremos da referência cosmogônica Yorubá sobre o conceito de criação do mundo através de Olódùmarè. No primeiro capítulo analisaremos a filosofia Yorubá expondo e aplicando seus conceitos cosmogônicos. O intuito será construirmos um conhecimento acerca da relação do sagrado com o mundo material. Assim, demonstrando as possibilidades de construções ontológicas para além da visão eurocêntrica. No segundo capítulo, analisaremos os conceitos sobre a estrutura física da vida humana. Partindo da compreensão Youruba sobre Ará, Emí e Orí. Ou seja, os conceitos de corpo, da alma e do espírito na perspectiva do Candomblé. Sendo condição necessária para se entender como se dá a composição do corpo, da vida e do espírito das criaturas humanas de acordo com a cosmovisão metafísica afro-brasileira. Utilizaremos da perspectiva das explicações sobre a gênese do mundo do ponto de vista afrocêntrico dos itàns. No terceiro capítulo, desenvolveremos o conceito da individualização da vida humana, a partir da conceituação e construção do arquétipo de Eṣú. Primeiro tratando sobre Yangí, o primeiro a existir, para dissertar sobre o início da existência individual. Trataremos também como se dá a relação de Eṣú com os Òrìṣàs e como eles atuam no Àiyé e na vida humana de forma imanente, se correlacionando com o Orun. Para por fim, estabeleceremos a compreensão do culto aos Òrìṣàs como forma de entendimento para o Àṣẹ material da Natureza. No Candomblé, o culto se dá a partir da reaproximação do iniciado com sua energia primordial, seu Àṣẹ através do seu Òrìṣà. Essa força primeira, é apresentada fisicamente através do momento do transe mediúnico. Sendo o momento em que o médium vira sua Natureza, a partir de louvações e invocações específicas aos Òrìṣàs. Dessa forma, veremos que o transe é uma demonstração física de uma experiência metafísica que se dá através do Àṣẹ.Por esse motivo que a presente dissertação defende que Eṣú, od Òrìṣàs, o transe e o Àṣẹ constituem a ontologia de base do Candomblé. Sendo assim, eles exprimem que a composição metafísica do existir é o Òrìṣà e o transe é a expressão do Àṣẹ no mundo físico.

 


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - ELEONOURA ENOQUE DA SILVA - UNICAP
Externa ao Programa - 1067107 - GABRIELA DA NOBREGA CARREIRO - nullPresidente - 1114521 - ROGERIO FABIANNE SAUCEDO CORREA
Notícia cadastrada em: 02/09/2025 15:29
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação (STI-UFPE) - (81) 2126-7777 | Copyright © 2006-2025 - UFRN - sigaa11.ufpe.br.sigaa11