Banca de DEFESA: RICARDO CALDAS CAVALCANTI FILHO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: RICARDO CALDAS CAVALCANTI FILHO
DATA : 29/08/2025
HORA: 08:30
LOCAL: online
TÍTULO:

Governanca Nao Estatal da Violencia na Zona Sul do Recife: Etnografia comparativa em tres espacos de pobreza

PALAVRAS-CHAVES:

Governança não estatal; Violência urbana; Etnografia relacional; Espaços de pobreza; Recife.

 

PÁGINAS: 218
RESUMO:

Esta tese investiga as formas particulares de governança não estatal da violência em três
comunidades do Recife, buscando compreender os mecanismos que moldam sua
emergência, consolidação ou ausência. Em vez de apenas identificar grupos armados,
analisa-se as condições e incentivos que os levam a assumir ou não funções de
regulação social e resolução de conflitos. A pesquisa adota a etnografia relacional como
estratégia metodológica, conectando práticas cotidianas e dinâmicas locais a fenômenos
mais amplos de segurança, criminalidade e governança. A comparação entre Jacaré,
Capadócia e Abadia revela padrões distintos: na Capadócia, um modelo consolidado de
governança criminal sustentado por mercado ilícito estruturado, grupo armado com
capacidade regulatória e articulação com setores estatais; na Abadia, um arranjo
fragmentado, marcado pela disputa entre grupos e instituições comunitárias em
reconstrução; no Jacaré, a ausência de um regime armado estruturado é parcialmente
compensada por cuidadores reconhecidos, ainda que apoiados em vínculos de
vizinhança fragilizados. Em comum, os casos mostram que a ordem resulta da interação
entre estruturas criminais, redes comunitárias e padrões de engajamento estatal, que
variam entre colusão, cooperação tácita, omissão seletiva e intervenção
desestabilizadora. A tipologia desenvolvida considera três dimensões: estágio
organizacional dos grupos armados, formas locais de organização e mediação e modos
de interação com o Estado. Os achados desafiam a predominância de análises centradas
em facções estruturadas e destacam a importância de contextos em que a governança é
compartilhada ou exercida por atores não armados, conectando essas dinâmicas à
diversidade de arranjos encontrados na realidade do Recife. As limitações incluem
dificuldades de acesso, recomposição de vínculos fragilizados pela pandemia e riscos
inerentes à etnografia em contextos de desconfiança e vigilância. Apesar disso, a análise
oferece interpretações consistentes e agenda de pesquisa para ampliar evidências
empíricas, comparar com outras realidades latino-americanas e avaliar a eficácia de
arranjos não criminais de regulação da violência, contribuindo para respostas mais
ajustadas e socialmente legitimadas.

 

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2199279 - JOSE LUIZ DE AMORIM RATTON JUNIOR
Externa à Instituição - CAROLINA CHRISTOPH GRILLO - UFF
Externo à Instituição - JEAN DAUDELIN - OUTRA
Externo à Instituição - MÁRCIO ABREU DE FRANÇA - IFAl
Externa à Instituição - RAYANE MARIA DE LIMA ANDRADE