A VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA AS MULHERES QUANDO USADA COMO ARMA IDEOLÓGICA DA EXTREMA-DIREITA NO MUNDO: O caso do Congo, do Afeganistão e do Brasil
violência sexual; ideologia; conflitos armados
A pesquisa investiga a violência sexual contra mulheres em contextos de guerra e conflitos étnico-territoriais, compreendendo-a como instrumento ideológico intrinsecamente funcional ao capitalismo contemporâneo. Fundamentada no materialismo histórico-dialético, a análise entende a ideologia como mecanismo que naturaliza contradições sociais, legitima estruturas de dominação e oculta suas raízes materiais. A partir dos casos do Kivu do Norte (República Democrática do Congo) e da Amazônia Legal (Brasil), demonstra-se que a violência sexual não é mero excesso de guerra, mas prática sistemática, planejada e ancorada em valores patriarcais, racistas e fundamentalistas religiosos, articulada a interesses políticos, simbólicos e econômicos. Identifica-se que tal violência opera em três dimensões interdependentes: política — fragmentando comunidades e favorecendo o controle territorial; simbólica — reforçando normas de subordinação feminina; e econômica — viabilizando empreendimentos extrativistas e mineral-tecnológicos. No Brasil, emerge como ferramenta de expulsão e desarticulação cultural de povos indígenas, enquanto no Congo se expressa por estupros coletivos, escravidão sexual e mutilações, empregados para consolidar o domínio sobre áreas ricas em minerais estratégicos. A pesquisa também evidencia a instrumentalização midiática e discursiva pela extrema-direita global, que, por meio de redes tecnopolíticas, difunde narrativas moralizadoras e racistas, naturalizando a violência e sustentando um consenso conservador. Assim, a violência sexual é parte de uma engrenagem de acumulação que, além de expropriar terras e recursos, transforma corpos racializados em territórios de conquista. Conclui-se que romper essa lógica requer reconhecer a centralidade dessa violência no projeto de exploração e dominação vigente, fortalecendo movimentos de resistência e reconstrução social oriundos dos territórios atingidos. O estudo, ao articular crítica teórica e análise empírica, amplia o debate no Serviço Social sobre a relação entre gênero, ideologia, fundamentalismo religioso e extrema-direita, apontando para a urgência de respostas ético-políticas emancipatórias.