ENTRE CONTINUIDADES E RUPTURAS: as expropriações das comunidades tradicionais do Complexo de Suape entre os anos de 2016 a 2022
Em desenvolvimento.
Este projeto de tese tem por objetivo apreender as novas determinações econômicas, sociais e ideopolíticas dos processos de expropriação das comunidades tradicionais no território onde hoje está instalado o Complexo de Suape diante do novo contexto histórico que marca esse megaprojeto nos anos de governo de Michel Temer (PMDB) (2016-2018) e de Jair Bolsonaro (PL) (2019-2022).Para esse propósito, problematizaremos as transformações contemporâneas nos países latino-americanos, em especial no Brasil, discorrendo sobre os processos macrossociais e as mediações conjunturais que revelaram o aprofundamento da exploração do capital nesse subcontinente através da apropriação da natureza e das expropriações das comunidades. Essa dinâmica de intensificação das relações de capital, a qual se revela cada vez mais no caráter destrutivo do sistema, interferiu no território onde está o Complexo Industrial e Portuário de Suape (CIPS), o qual sofreu uma reconfiguração passando a servir cada vez mais aos interesses do capital.
Diante disso, considerando que o Sul é o nosso Norte, a pesquisa se firma na seguinte pergunta orientadora que contribui para desvelar os problemas reais supracitados presentes no chão onde pisamos: Qual a relação entre as expropriações das comunidades tradicionais remanescentes no território onde está instalado o CIPS e a nova fase de seu desenvolvimento, marcada pelo golpe de Estado e a intensificação do neoliberalismo? A partir dessas determinações, apresentamos como hipótese de investigação: No contexto de aprofundamento da crise estrutural no Brasil e de avanço do neoliberalismo - ou ultraliberalismo - o território onde está instalado o Complexo de Suape segue em disputa, assim como seguem as expropriações das comunidades tradicionais agora por meio do discurso verde e da urgência da retirada/realocação dessas comunidades para garantir a expansão, agora sob a pretensa preservação ambiental. Assim, definimos como objetivo geral: Analisar as determinações econômicas, sociais e ideopolíticas dos processos de expropriação das comunidades tradicionais que permanecem no território onde hoje está o Complexo de Suape a partir das novas configurações impulsionadas pelo contexto de crise entre os anos de 2016 a 2022. Os objetivos específicos definimos da seguinte maneira: 1) Analisar as transformações do capitalismo contemporâneo, marcado pela crise do capital e pela demanda energética dos países hegemônicos, e sua incidência no território onde está o Complexo de Suape; 2) Identificar e analisar as formas de atuação do Estado e do governo de Pernambuco, por meio da Empresa Suape, diante da nova conjuntura marcada pelo aprofundamento do neoliberalismo; 3) Apreender as lutas socioambientais que as comunidades tradicionais vêm traçando em face do capital e do Estado nesse novo cenário. A metodologia se pautará na pesquisa bibliográfica e documental, tendo como materiais documentos oficiais publicados pelo Complexo de Suape, como o Novo Plano Diretor Suape 2035.