ESTADÃO E MÍDIA CONSERVADORA: A REPRODUÇÃO DE DISCURSOS CRIMINALIZADORES E A JUVENTUDE NEGRA BRASILEIRA
Criminalização. Juventude negra. Discursos. Conservadorismo. Colonialidade do poder.
O objeto de estudo desta pesquisa é a criminalização da juventude negra. Quando situamos a particularidade brasileira, encontramos esses elementos configurados nas suas próprias peculiaridades, sendo imperioso, dessa forma, compreender os determinantes econômicos, históricos e sociais da criminalização da juventude negra no Brasil. E quando pensamos nos determinantes, também é importante situar o complexo ideológico das classes dominantes e a reprodução de discursos inerentes à criminalização desse segmento. A criminalização, a partir desse parâmetro inicial, é ferramenta para justificar e tornar legal a truculência contra a população negra. O discurso midiático surge, dessa forma, como corroborador desse processo de manutenção do sistema-mundo fundado na colonialidade do poder, pela via dos discursos criminalizadores e/ou reforçadores de estereótipos. Como colonialidade do poder entendemos como um paradigma que determina padrões de poder, e desumanização do outro, aquele que não corresponde ao sujeito branco universal. Diante disso, realiza-se uma análise crítica do discurso de um dos maiores jornais brasileiros, O Estadão, jornal este de caráter conservador e historicamente tido como “liberal”. A partir do achados da pesquisa conseguiu-se trazer elementos importantes para pensar como a dominação da branquitude/ classes dominantes perpassa o imaginário social e se dá nas entrelinhas dos discursos, de projeções de quem é o inimigo e o perigo na sociedade atual, de estereótipos e de criminalização da pobreza, dos territórios e sutilmente, da criminalização do jovem negro. Esta sistemática perpassa o imaginário social, tendo os complexos midiáticos como estruturas reprodutoras de discursos da classe social dominante que criminalizam determinados segmentos, tendo o jovem negro na particularidade brasileria como o principal alvo de extermínio, violência e encarceramento. Os discursos se mostram como instrumentos sociais que podem reforçar determinados entendimentos sobre a criminalidade e a vinculação com o jovem negro. As construções simbólicas que emanam uma insegurança social se estruturam a partir da ideologia burguesa para o consenso da população da existência de um inimigo, e esse inimigo se consolida no segmento da juventude negra e pobre, sendo configurado diante de diversas ferramentas da dimensão da vida social a partir do jovem preto delinquente/meliante.