PROCESSOS IMAGINATIVOS DE ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL PROLONGADO SOBRE SUAS VIDAS ADULTAS
Pessoa com Deficiência; Imaginação; Abrigo; Institucionalização.
No Brasil, a lei aponta que a permanência de crianças e adolescentes em serviço de acolhimento institucional deve ser por, no máximo, 18 meses (Brasil, 2017). No entanto, pessoas com deficiência muitas vezes permanecem institucionalizadas por períodos mais longos e, em alguns casos, por toda a vida, transitando entre diferentes instituições. Assim, tornou-se comum que adolescentes com deficiência tenham seus futuros definidos em uma perspectiva de institucionalização permanente mesmo após a maioridade civil, sem que haja espaço para uma construção de futuro autônoma (Queiroz; Rizzini, 2012). Nesse cenário, questionamos: o que pessoas com deficiência acolhidas institucionalmente, que estão perto de completar 18 anos, imaginam sobre suas vidas adultas? Teoricamente, este estudo será conduzido em uma abordagem sociocultural, na qual se entende que, quando imaginamos, podemos expandir nossas experiências, nos deslocamos dos limites espaciais e temporais do aqui-e-agora, construindo novas possibilidades de caminhos de vida (Zittoun; Cerchia, 2013; Zittoun; Gillespie, 2016). Como objetivo geral, queremos investigar como adolescentes com deficiência, em acolhimento institucional prolongado, imaginam suas vidas adultas. A pesquisa será realizada com até 3 adolescentes de 16 a 18 anos com deficiência em uma Casa de Acolhimento Temporário (CAT) na cidade do Recife. Inicialmente, será feita uma pesquisa documental e uma entrevista semiestruturada com o gestor da CAT, a fim de registrar um panorama geral do cenário sociocultural dos participantes. Posteriormente, serão feitos 3 encontros individuais com os adolescentes, utilizando como recursos metodológicos para registro de dados o Desenho-Estória com Tema (Aiello-Vasberg; Herrmann, 2020), a Caixa de Surpresas (Moutinho et al., 2020) e a Cápsula do Tempo (Vasconcelos; Moutinho, 2023), respectivamente. Será feita uma análise microgenética dos dados, que se caracteriza como uma análise minuciosa dos aspectos relacionados com as mudanças de um fenômeno que ocorre no presente (Fogel et al., 2006; Silva, 2014). Espera-se que este estudo possa trazer novas perspectivas do desenvolvimento de pessoas com deficiência em acolhimento institucional e do papel da imaginação nesse contexto, bem como contribuir com a conscientização da sociedade civil a respeito do tema e na construção de políticas públicas mais contributivas e inclusivas, com base no que os próprios adolescentes, ao longo do tempo, imaginam e contam sobre o que querem fazer, ser e viver.