KLARISTEMEN TOYPE AMOBINHÉ: diálogos sobre processos criativos, expressividade corporificada e perspectivação ficcional na arte da performance indígena
arte indígena; processos criativos; corporeidade; perspectivação
Este projeto de tese tem como objetivo geral analisar com artistas indígenas a prática da arte performática, ao buscar acessar singularidades de seus processos criativos destacando-se neles o ficcionamento subjetivo da realidade histórica e situada. Neste sentido, advogamos pela relação arte e psicologia, pois entendemos a arte como um campo de conhecimento múltiplo de sustentação das diferenças e a psicologia como ciência comprometida com as singularidades humanas frente às dinâmicas culturais, históricas, políticas e sociais. Tal
compreensão faz-nos, assim, tecer uma discussão acerca dos processos criativos como um fenômeno que acontece na fronteira eu-outro, sendo uma forma de resistência, já que o compreendemos mediante uma dinâmica dialógica. Alargamos esta conceituação diante do dialogismo bakhtiniano e da multiplicação dialógica por entendermos que o eu se constrói a partir de um processo que envolve, inevitavelmente, o outro, que sempre apresenta para o eu um excedente de visão sobre si mesmo e o responsabiliza pela sua existência factual e subjetiva. Propomos, deste modo, um estudo que articula a máxima de bakhtiniana: ciência, arte e vida devem integrar-se. A arte da performance indígena aproxima-se desta discussão por ela se caracterizar como uma forma de enfrentamento ao colonialismo e buscar pela construção do diálogo, ao buscar uma via transformativa frente as mais diversas formas de adversidades. O corpo, nesta arte, mostra-se como um princípio gerador das significações criativas e um tecido que abarca fenômenos que geram perspectivações diversas. Como método adotamos uma perspectiva qualitativa, tendo como instrumentos de pesquisa a entrevista, a autoetnografia e a filmografia. Pretendemos realizar cerca de três entrevistas; autoetnografia durante 15 dias e uma filmagem de uma performance artística. Por fim, apresenta-se como recurso analítico um cruzamento entre análise de multiplicação dialógica e análise microgenética.