Dieta e contaminação por microplástico em camarões pelágicos de profundidade do gênero Acanthephyra coletados na Zona Econômica Exclusiva Amazônica, Brasil
crustacea; mar profundo; microplastico; alimentação
O presente trabalho possui dois capítulos, onde o primeiro teve por objetivo geral analisar a dieta da espécie Acanthephyra curtirostris e se há diferenças no sexo e profundidade, ja no capítulo 2 teve por objetivo avaliar os níveis de contaminação por microplásticos dos camarões de profundidade da espécie, coletados na região mesopelágica amazônica. O material estudado foi coletado, com a expedição oceanográfica Amazomix, na região offshore próxima à foz do Rio Amazonas, nas isóbatas de 500, 800 e 1000 metros de pronfundidade. Os espécimes de espécie Acanthephyra curtirostri foram medidos o comprimento total (CT), comprimento do cefalotórax (CC) e pesados para obter o peso úmido. Um total de 51 indivíduos foi separado para a análise de conteúdo estomacal para a elaboração do capítulo 1. A espécie A. curtirostris apresentou hábito alimentar carnívora, registrando-se nos estômagos os itens alimentares e proporções: Crustacea (61,14%), matéria orgânica não identificada (MONI) (36,30%), Actinopterygii (1,10%), material animal (1,07%) e Mollusca (0,38%). O teste de Mann-Whitney não encontrou diferenças significativas na dieta de espécimes que se encontram em diferentes profundidades (500, 800 e 1000 metros) e tamanho dos indivíduos, mas foi possível encontrar diferenças na dieta entre fêmeas e fêmeas ovígeras. Para o capítulo 2 foram separados 60 espécimes e encaminhados para o Laboratório Bioimpact (UFRPE). Após a remoção, os estômagos foram digeridos e filtrados seguindo um rigoroso protocolo para evitar contaminção aérea das amostras. As amostras foram secas identificadas quanto à cor, tamanho e forma das partículas. Foram identificadas 34 partículas de origem antrópica e caracterizadas como microplásticos. Dessas partículas, 32% foram categorizadas como fibras, 32% fragmentos e 35% filmes, e com colorações diversas como: 26% preta, 6% transparente, 32% azul, 6% branca e 26% vermelha. As partículas maiores foram registradas em machos e na profundidade de 500 metros, já as menores foram oriundas de fêmeas ovígeras e de uma profundidade de 1000 metros. Com o teste de Kruskal-Wallis, que em todos os parâmetros não se diferenciam significativamente, com exceção do consumo de fibras por parte de fêmeas e fêmeas ovígeras. O registro destes contaminantes indicam a vulnerabilidade da espécie, podendo causar danos físicos ou químicos no trato digestivo. A diferença na contaminação de fibras entre fêmeas e fêmeas ovígeras, pode ser pela mudança do hábito alimentar causada pela período de maturação, como foi observado no capítulo 1. A resposta do hábito alimentar carnívoro e da contaminação, oferece dados importantes sobre camarões pelágicos de profundidade, especialmente para a ZEE Amazônica onde não se tem estudos sobre a ocorrência, contaminação e alimentação deste grupo.