Banca de DEFESA: LUIZA PEREIRA GOMES

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LUIZA PEREIRA GOMES
DATA : 26/09/2024
HORA: 09:00
LOCAL: Departamento de Oceanografia
TÍTULO:

AVALIAÇÃO DAS VARIAÇÕES DIURNAS NA ÁREA DE VIDA, ABUND NCIA E HERBIVORIA DA ESPÉCIE SPARISOMA AXILLARE EM UM RECIFE DE CORAL TROPICAL 


PALAVRAS-CHAVES:

Palavras-chave: movimento; telemetria acústica; core range; herbivoria; abundância


PÁGINAS: 56
RESUMO:

Os peixes herbívoros recifais, tais como os peixes-papagaio, são mediadores importantes na dinâmica competitiva entre corais e algas, sendo essenciais para a saúde e resiliência dos recifes de coral. Os padrões diários de movimentação, abundância e distribuição desses animais no recife são influenciados por diversos fatores, tais como complexidade do habitat, composição bentônica, qualidade e disponibilidade de recursos, competições intra e interespecíficas e risco de predação. O Sparisoma axillare é um peixe herbívoro-detritívoro errante e abundante nos recifes de Tamandaré, sendo uma peça-chave na estruturação, resiliência e equilíbrio desse ecossistema. É uma espécie endêmica do Atlântico Sul Ocidental, extremamente pescada na região e considerado vulnerável pela Lista Vermelha da IUCN. O objetivo do estudo foi compreender os padrões de movimentação diurna de uma espécie de peixe recifal herbívoro, o Sparisoma axillare, assim como os fatores que influenciam essa movimentação, através da análise de dados de telemetria acústica, herbivoria e abundância. Os dados de telemetria foram coletados entre os anos de 2016 e 2018 e analisados entre os anos de 2023 e 2024. 14 peixes foram levados em consideração para o estudo. O período diurno foi dividido em cinco blocos, sendo: B1 05:00 – 06:59; B2 07:00 – 09:59; B3 10:00 – 12:59; B4 13:00 – 15:59; B5 16:00 – 18:00. O número de detecção por bloco de hora foi obtido para cada indivíduo e calculados os centros de atividade (COAs). A partir desses valores, foi possível calcular as áreas de core range e os índices de sobreposição (Overlap Index – OI) individuais. Para análise da variação no número de detecções, tamanho do core range e OI por bloco de hora, foi aplicada uma ANOVA de medida repetidas com post-hoc em cada variável. O maior valor de core range entre os 14 peixes foi de 0,266 km², no B5 e o menor, de 0,042 km², no B3. Em média, os menores valores de core range e número de detecções, foram nos B1 e B5. Já os maiores valores, no B3. Os três testes ANOVA de medidas repetidas se mostraram significativos (p<0,05), indicando que há variação entre os blocos de hora para as variáveis aplicadas. Nossos resultados sugerem que, no meio do dia, os peixes estão no pico da movimentação e exploram áreas maiores que nos outros horários ao passo que, nos crepúsculos, acontece o oposto. Esse padrão pode ser explicado, muito provavelmente, pelos seguintes aspectos: (1) fidelidade aos sítios de descanso (2) valor nutricional das algas e estratégias de forrageamento; (3) busca por abrigos noturnos e (4) interações inter- e intraespecíficas. Os dados de herbivoria e abundância foram coletados, respectivamente, utilizando o método de amostragem focal do animal adaptada (com câmera GoPro) e censos visuais pela metodologia do Reef Check Brasil. Durante a análise dos vídeos, foram levados em consideração três comportamentos: taxa de mordida, tipo de substrato consumido (itens alimentares preferenciais) e relações antagonistas com indivíduos do gênero Stegastes. Os dados da taxa de mordida geral e nos substratos preferenciais foram analisados a partir de testes de ANOVA de uma via com post-hoc. Para o fator “interação com Stegastes spp.”, foi aplicado um teste ANCOVA. Cinco regressões lineares (referentes aos cinco blocos de hora) foram realizadas para verificar a tendência da combinação entre taxa de mordida e interação com Stegastes spp. Para os dados de abundância, foi utilizado o teste Kruskal-Wallis, tanto para todos os peixes quanto apenas para aqueles com tamanho corporal ≥20 cm. Para todos os testes, o intuito foi verificar alterações nas variáveis entre os blocos de hora. A taxa de mordida não se mostrou significativa entre os blocos de hora (p=0,184), mas nota-se variações sutis. Nos blocos um e cinco (crepúsculos), as taxas foram, em média, as mais baixas e, nos blocos três e quatro (meio-dia e meio da tarde), as mais altas. Foram encontrados quatro itens alimentares preferenciais, divididos nesse estudo, da seguinte forma: Turf (mix de algas corticadas e calcárias) – TURF, areia – AR, algas do gênero Halimeda spp – HAL e algas pardas (Sargassum spp, Dictyopteris spp e Dictyota spp) – AP. As categorias mais e menos consumidas foram, respectivamente, TURF e HAL. Os testes Kruskal-Wallis não foram significativos (p>0,05), com exceção para a categoria AP (p=0,002). O teste ANCOVA não se mostrou significativo para bloco de hora (p=2,02) mas teve efeito para o fator “interação com Stegastes spp.” (p=0,015). As cinco regressões lineares se mostraram todas negativamente proporcionais. O resultado do teste Kruskal-Wallis para abundância da espécie não foi significativo entre os blocos de hora (p=0,394), porém quando separado na categoria ≥20cm, foi significativo (p=0,000). Nossos resultados sugerem que a herbivoria desses peixes é maior no meio do dia e a tarde, coincidindo com o pico da fotossíntese e valor nutricional das algas. Já a abundância, é menor ao longo dos recifes no meio do dia, muito provavelmente pela alta atividade de forrageamento ativo. Por fim, os valores nos crepúsculos se mostraram baixos em todos os aspectos (telemetria, herbivoria e abundância), sugerindo uma alta fidelidade aos sítios de descanso. O estudo destaca a importância de conhecer os padrões de movimentação de animais extremamente importantes para o equilíbrio de um sistema frágil, tal como o recife de coral. Esses resultados fornecem subsídios importantes para a gestão de áreas protegidas e para políticas de conservação, contribuindo para o manejo sustentável de espécies vulneráveis nos recifes.


MEMBROS DA BANCA:
Interna - 1171022 - BEATRICE PADOVANI FERREIRA
Interna - 2130453 - SIGRID NEUMANN LEITAO
Externo ao Programa - 2320121 - JOAO LUCAS LEAO FEITOSA - UFPEExterno ao Programa - 1169164 - MAURO MAIDA - UFPEExterno à Instituição - LEONARDO SCHLOGEL BUENO - UFES
Notícia cadastrada em: 18/09/2024 16:00
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