Análise temporal e espacial dos efeitos da gestão de uso e dos impactos climáticos na comunidade bentônica nos recifes de corais de Tamandaré-PE.
Atlântico Sul, Branqueamento, Monitoramento, Reef Check
Recifes de corais são vitais para a biodiversidade oceânica e oferecem recursos essenciais para grande parte da população mundial, especialmente nas regiões costeiras dos países em desenvolvimento. No entanto, desde a década de 90, cerca de metade das áreas de cobertura de recifes de corais foi perdida, devido a impactos antrópicos locais, como poluição e sobrepesca, além das alterações provenientes das mudanças climáticas globais, como pela acidificação oceânica e eventos térmicos extremos. No Brasil, a principal ameaça aos recifes é a ação humana, com pressões adicionais recentes provenientes de mudanças climáticas. O branqueamento dos corais, intensificado por eventos de El Niño e ondas de calor marinha, têm sido cada vez mais frequentes e severos para os recifes de corais brasileiros, com um grande evento registrado em 2019-2020. A partir de metodologias visuais, como o uso de fotoquadrats e da aplicação do método point intercept transect, utilizadas por programas de monitoramento de ecossistemas recifais como o Reef Check, foram coletados dados de cobertura da comunidade bentônica nos recifes de corais de Tamandaré-PE em uma escala de tempo de 8 anos (2015-2023). A análise, utilizando uma plataforma open source automatizada, nos permitiu identificar a variação na cobertura de espécies de corais e de grupos morfofuncionais de algas ao longo do tempo e espaço, com uma queda na cobertura de corais e um aumento das taxas de mortalidade de algumas espécies após eventos de branqueamento e em paralelo, uma tendência cada vez mais crescente na cobertura de algas. Essas variações puderam ser observadas de forma semelhante para os dois métodos utilizados. Com eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e intensos, torna-se essencial o monitoramento desses ambientes, no intuito de estabelecer estratégias de proteção mais alinhadas com as pressões globais e locais