Interações Fluxo-Topografia e Físico-Biológicas em uma Margem Continental no Sudoeste do Atlântico Tropical
Margem continental de Pernambuco. Fluxos cross-shelf. Marés. Vales submersos. Trocas oceano/plataforma.
Este trabalho investiga as interações de fluxo-topografia (FTIs) e as resultantes interações Biofísicas (BPI) no Sudoeste do Atlântico Tropical (SWTA). Utilizando uma combinação de dados hidrodinâmicos, análise de séries temporais de temperatura e dados acústicos ecossistêmicos registrados na Margem Continental de Pernambuco Sul, a pesquisa oferece uma compreensão integrada dos processos dinâmicos da região. O Capítulo 3 revisa os mecanismos que governam as FTIs na transição entre a quebra da plataforma e o talude continental (SBS), enfatizando processos como fluxos cross-shelf, ressurgência forçada pelo vento, ondas internas e retificação de marés. O Capítulo 4 apresenta os métodos usados para analisar os dados de séries temporais ambientais, particularmente a Ensemble Empirical Mode Decomposition (EEMD) e a Time-dependent Intrinsic Correlation (TDIC). A EEMD permite a identificação dos principais modos de variabilidade das séries temporais analisadas enquanto a TDIC correlaciona modos de variabilidade de forma a identificar padrões ligados ao forçamento externo, como o estresse do vento e as marés. O Capítulo 5 examina as contribuições a dinâmica da quebra da plataforma no SWTA, utilizando dados do experimento Multiple Rectangles Transect (MRT). A análise revelou a importância do forçamento de marés para a variabilidade das correntes na SBS e seus possíveis impactos sobre correntes cross-shelf e o uplift previamente reportado. O papel da Corrente Subsuperficial Norte do Brasil (NBUC) e como principal forçante do uplift também foi destacado, particularmente durante períodos de aumento da velocidade da corrente. O Capítulo 6 foca nas interações biológicas ao longo do talude continental no SWTA, examinando como a NBUC influencia a distribuição do micronekton, particularmente seus padrões de migração vertical diária. Dados do MRT revelaram que o micronekton evita áreas de altas velocidades de corrente enquanto aproveita águas ricas em nutrientes. O capítulo enfatiza como estruturas físicas como a NBUC moldam as distribuições biológicas, revelando importantes ligações entre processos oceanográficos e padrões biológicos na região. O Capítulo 7 explora a variabilidade de temperatura dentro do vale submarino Zieta. A análise de séries temporais mostrou que a variabilidade no vale é impulsionada por forças externas e remotas, como ondas de Rossby, e propagação de ondas internas induzidas pelo cisalhamento do vento. Esses processos impactam significativamente a entrada de águas mais frias dentro do vale, e consequentemente na plataforma, conectando as interações vale- talude à dinâmica mais ampla do SWTA. De forma geral, os processos de FTI são cruciais para as trocas de água, nutrientes e energia entre o oceano profundo e a plataforma continental. O SWTA é caracterizado por uma batimetria complexa, incluindo cânions e vales, que aumentam a mistura vertical e o transporte de nutrientes. Essas interações ajudam a sustentar a produtividade marinha, fitoplâncton e cadeias alimentares tróficas em uma região tipicamente marcada por condições oligotróficas. Ao combinar dados observacionais com métodos avançados de séries temporais, este trabalho aprofunda a compreensão da complexa interação entre correntes, topografia e ecossistemas marinhos. Pesquisas futuras devem se concentrar em experimentos orientados para processos específicos de forma a elucidar melhor os mecanismos as FTIs nesta região