Acurácia de Testes Imunocromatográficos Rápidos no Diagnóstico de Arboviroses: Revisão sistemática e meta-análise
Arboviroses, diagnóstico laboratorial, testes imunocromatográficos rápidos, acurácia.
As arboviroses constituem uma preocupação crescente em virtude do aumento da incidência, da expansão geográfica e do impacto na saúde pública. Devido às semelhanças epidemiológicas e clínicas entre essas doenças, o diagnóstico laboratorial preciso é fundamental para monitoramento, prevenção de complicações e implementação de medidas de controle eficazes. Os testes rápidos imunocromatográficos, pela praticidade e rapidez, têm sido amplamente utilizados, o que reforça a necessidade de avaliar sua acurácia para assegurar confiabilidade em larga escala. Esta revisão sistemática teve como objetivo analisar a acurácia (sensibilidade e especificidade) de testes rápidos comerciais para o diagnóstico de dengue, zika e chikungunya. A busca foi realizada nas bases LILACS, Medline (PubMed), CRD, The Cochrane Library, Trip Medical Database e Google Scholar, utilizando como métodos de referência o teste imunoenzimático (ELISA) e a biologia molecular (PCR). Foram incluídos 34 estudos para dengue, 6 para chikungunya e 2 para zika, abrangendo mais de 18 mil indivíduos. Para cada parâmetro, foram elaborados gráficos Forest Plot e curvas ROC no software Meta-DiSc 1.4. O risco de viés foi avaliado pelo QUADAS-2 e a qualidade da evidência pelo GRADE. Na dengue, os testes para NS1 apresentaram boa acurácia, com sensibilidade de 77% (ELISA como comparador) e 61% (PCR como comparador), além de alta especificidade (>93%). A combinação de marcadores melhorou o desempenho: NS1+IgM alcançou sensibilidade de 72–83%, e NS1+IgM+IgG atingiu 90%, com excelente acurácia nas curvas ROC (AUC >0,90). Para chikungunya, a detecção do antígeno E1 mostrou sensibilidade combinada de 86% e especificidade de 93%. Em zika, apenas dois estudos foram incluídos, ambos avaliando IgM, com sensibilidade combinada de 74% e especificidade de 98%. Os achados desta revisão oferecem evidências relevantes para apoiar gestores de saúde na tomada de decisões quanto ao uso de testes rápidos imunocromatográficos (RDTs) no diagnóstico das arboviroses. Contudo, embora representem um avanço tecnológico por sua rapidez, baixo custo e facilidade de execução, a adoção desses testes deve ser precedida de criteriosa avaliação de desempenho e adequação ao contexto epidemiológico.