INVESTIGACAO CLINICA E IMUNOLOGICA SOBRE A ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL DO CUIDADO AO PACIENTE
COM COVID LONGA NO HOSPITAL DAS CLINICAS/UFPE
COVID Longa. Cuidados pós-intensivos. Inflamação. Reabilitação. Sequelas.
A pandemia de COVID-19 provocou impactos significativos na saúde pública e na
economia global, desencadeando profundas alterações em diversos setores sociais,
especialmente entre populações em situação de vulnerabilidade. Além da elevada
taxa de mortalidade, observou-se a presença de sequelas prolongadas em pacientes
recuperados da fase aguda, fenômeno classificado como COVID longa, caracterizado
por sintomas persistentes como fadiga, dispneia, dores musculares, alterações
cognitivas e emocionais, mesmo meses após a infecção inicial. O presente estudo
teve como objetivo investigar as principais manifestações clínicas da COVID longa e
os efeitos da reabilitação multiprofissional em pacientes que apresentaram formas
graves da doença e foram internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O
estudo foi realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), abrangendo o Núcleo de Terapia Pós-Intensiva e Reabilitação (NTPIR), onde
pacientes previamente internados na UTI COVID-19 retornaram para tratamento.
Foram incluídos adultos com diagnóstico confirmado de COVID-19, com evolução
para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), acompanhados por equipe
multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. A
metodologia envolveu análise clínica, exames laboratoriais, avaliação imunológica e
microbiológica, com destaque para parâmetros hematológicos, bioquímicos,
radiológicos e imunofenotípicos. A análise da amostra revelou predomínio de
pacientes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, elevada prevalência de
comorbidades como hipertensão, diabetes e dislipidemias, além de taxas
consideráveis de ventilação mecânica e traqueostomia durante a fase aguda. A
reabilitação contribuiu significativamente para a recuperação funcional, redução de
dispneia, melhora da força muscular e da capacidade de deambulação, além da
diminuição de opacidades pulmonares evidenciadas em exames de imagem. Houve
redução expressiva de biomarcadores inflamatórios, como proteína C reativa,
creatinofosfoquinase e fibrinogênio, bem como aumento das populações linfocitárias
T CD4+ e CD8+, sugerindo recuperação imunológica. Coinfecções bacterianas foram
frequentes, com predominância de patógenos multirresistentes, o que reforça a
importância de vigilância microbiológica em ambientes críticos. A reabilitação
multiprofissional demonstrou impacto positivo não apenas nos parâmetros físicos,
mas também na modulação da resposta inflamatória e imunológica, promovendo
melhora da qualidade de vida. A conclusão do estudo destaca a relevância de
unidades especializadas de reabilitação para pacientes pós-COVID-19,
principalmente em populações vulneráveis, propondo a adoção de políticas públicas
voltadas ao cuidado continuado. Os achados indicam que a reabilitação precoce,
individualizada e integrada, é eficaz na redução das sequelas pós-agudas,
contribuindo para a recuperação funcional, emocional e imunológica de pacientes
acometidos por formas graves da COVID-19.