Modelos de pele imunocompetente para estudoscom Leishmania amazonensis: Desenvolvimento, testagem e validação.
Leishmaniose Cutânea; Modelos tridimensionais (3D); Pele imunocompetente.
A Leishmaniose Cutânea (LC) é uma doença negligenciada de grande impacto para a saúde pública no Brasil, caracterizada principalmente por lesões ulceradas na pele causadas por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos por flebotomíneos. Embora a pele funcione como uma barreira imunológica essencial, ela é vulnerável à infecção pelo parasito, e a resposta imune local desempenha papel decisivo no curso clínico da doença. No entanto, os mecanismos imunopatológicos envolvidos ainda não são totalmente compreendidos. Os modelos experimentais mais utilizados, como culturas bidimensionais e modelos animais, apresentam limitações importantes, como a baixa representatividade das interações celulares e diferenças estruturais e imunológicas entre humanos e animais, o que pode comprometer a translação dos dados obtidos. Diante disso, os modelos tridimensionais (3D) surgem como alternativas mais fiéis para simular o microambiente cutâneo humano. Este trabalho tem como objetivo desenvolver, testar e validar dois modelos de pele humana imunocompetente para estudos com Leishmania amazonensis: um baseado na técnica da gota suspensa (hanging drop) e outro utilizando um scaffold de fibroína. Os ensaios iniciais com esferoides monocelulares demonstraram que os queratinócitos formam estruturas mais compactas, enquanto os fibroblastos apresentam uma organização mais frouxa. A proporção ideal entre as linhagens celulares foi determinada como 16:1 (queratinócitos:fibroblastos). Já no modelo com scaffold, a fibroína demonstrou ser altamente biocompatível, desempenhando um papel essencial na estabilização da matriz extracelular. Quando associada ao colágeno, a fibroína contribuiu significativamente para a preservação da arquitetura tecidual ao longo do cultivo, superando o desempenho do colágeno isolado. Com essas padronizações estabelecidas, os próximos passos envolvem a adição de macrófagos aos modelos e a infecção com Leishmania amazonensis, visando aprofundar o entendimento das interações parasito-hospedeiro e criar plataformas mais representativas para o teste de novas terapias contra a LC.