AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES ANTINEOPLÁSICAS DE DERIVADOS GALACTOSÍDEOS EM LINHAGENS DE CANCER DE PÂNCREAS
Adenocarcinoma ductal pancreático; microambiente tumoral; galectina-9; derivados de galactosídeos.
Introdução: O adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) representa cerca de
95% dos casos diagnosticados de câncer de pâncreas e se destaca pela baixa
taxa de sobrevida, chegando a menos de 10% em cinco anos. Apesar disso, a
ressecção cirúrgica em estágios iniciais e a quimioterapia em estágios mais
avançados representam as opções terapêuticas mais utilizadas. Em relação aos
quimioterápicos vigentes na clínica, a Gencitabina e o esquema terapêutico
FOLFIRINOX, mesmo quando utilizados em conjunto, têm limitado sucesso
terapêutico, aumentando a sobrevida livre da doença em apenas 11 meses. Esse
insucesso terapêutico se deve, principalmente, a barreira física imposta pelo
microambiente tumoral desmoplásico, o qual limita e/ou impede o acesso dos
quimioterápicos às células neoplásicas. Nesse sentido, moléculas derivadas de
galactosídeos foram sintetizadas a fim de representarem novas alternativas
terapêuticas contra o PDAC. Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo
avaliar os efeitos dos derivados de galactosídeos em células do microambiente
tumoral de neoplasias pancreáticas. Metodologia: Nove moléculas derivadas de
galactosídeos foram utilizadas no estudo. A citotoxicidade dos derivados de
galactosídeos foi avaliada através do método MTT em PBMCs, MRC-5, MIA
PaCa-2 e PANC-1. A concentração de IC50 de cada derivado foi utilizado nos
testes seguintes. A migração celular foi avaliada pelo método Scratch e
Transwell, em períodos de 0 até 48 horas. A citometria de fluxo foi utilizada para
avaliar o ciclo celular, níveis de ROS e imunofenotipagem de linfócitos T, B e NK.
As células neoplásicas PANC-1 e MIA PaCa-2 foram tratadas com os derivados
de galactosídeos durante 48h para avaliação do ciclo celular com iodeto de
propídio (PI). Para avaliação de ROS, as células foram tratadas durante 3h, 6h,
24h e 72h e marcadas com DHE. Para a imunofenotipagem, as PBMCs foram
tratadas com os derivados de galactosídeos, durante 48h, na concentração de
50uM, e foram marcadas com os anticorpos CD3, CD4, CD8, CD19, CD14 e
CD56, além do marcador de viabilidade celular, DAPI. Por fim, plataformas de
análises in silico foram utilizadas para prever padrões
farmacocinéticos/farmacodinâmicos exercidos pelas moléculas no corpo
humano. Resultados: Quanto a citotoxicidade, os derivados GaLap e GaTzLau
apresentaram elevada toxicidade contra PBMCs (IC50=4,08±0,3 e
IC50=10,65±2,11). Quanto à migração os derivados GaTzLauD e VA02 inibiram
a migração em MIA PaCa-2 (p=0,0391 e 0,0494, respectivamente) após 48h, e
os todos os derivados mostraram inibição da migração em PANC-1, na
metodologia Scratch. Na metodologia Transwell, os derivados GaTzLap e
GaTzLauD inibiram a migração celular na linhagem MIA PaCa-2. Os derivados
GaTzLapD e GaTzLauD inibem a formação de colônias celulares na linhagem
MIA PaCa-2 (p=0,0022 e <0,0001, respectivamente). GaTzLap, GaTzLapD e
GaTzLauD apresentaram indução de ROS em MIA PaCa-2. Nenhum dos
derivados de galactosídeos possui efeito citostático ou altera as populações
celulares T, B e NK. Os derivados GaTzLapD e GaTzLauD apresentaram efeito
em modelos de cultura 3D de MIA PaCa-2. A análise do SwissADME revelou
que os derivados de galactosídeos não tem boa biodisponibilidade oral,
GaTzLap reprovou nas regras de Lipinski e todos reprovaram nas regras de
Veber. Quanto aos TargetPredictions, nove moléculas foram apontadas, dentre estas, três galectinas (Gal-3, Gal-7 e Gal-9) como possíveis ligantes dos
derivados de galactosídeos. Conclusões: Nos ensaios in vitro, verificamos que
as moléculas representam promissora atividade anticâncer, seja pela
citotoxicidade, inibição da motilidade celular, aumento de ROS, e efeito em
cultura 3D no caso dos GA’s seja pela atividade antimigratória, no caso dos VA’s.