Estratégias para incremento tecnológico, biofarmacêutico e de estabilidade de extrato seco por aspersão das folhas de Eugenia uniflora L
Pitangueira; Tecnologia fitofarmacêutica; Formas farmacêuticas sólidas; Medicamentos fitoterápicos.
Eugenia uniflora L. é amplamente utilizada na medicina popular brasileira, e possui diversas atividades biológicas confirmadas cientificamente. Porém, apesar dos benefícios da aplicação desta espécie no desenvolvimento de medicamentos, esta aplicação é ligada a desafios tecnológicos, biofarmacêuticos e de estabilidade, que são intensificados quando o objetivo é o desenvolvimento de formas farmacêuticas sólidas. Assim, o objetivo do trabalho foi desenvolver formas farmacêuticas sólidas a partir das folhas de E. uniflora com adequadas características tecnológicas, biofarmacêuticas e de estabilidade. Para isso, o extrato das folhas foi seco por aspersão e foi caracterizado quanto a suas características químicas, de tamanho e forma das partículas, fluxo do pó, perfil compressional e de solubilidade. Foi realizado um estudo de viabilidade de obtenção de comprimidos, empregando planejamento experimental e análise estatística. Por fim, o extrato seco por aspersão (ESA) foi otimizado, a fim de melhorar suas características tecnológicas. A análise cromatográfica revelou um teor de 1,709 ± 0,077 g% do principal marcador da espécie (miricitrina), as partículas apresentaram tamanho médio de 7,93 ± 0,15 μm e forma esférica com a superfície lisa. O fluxo do pó se mostrou pobre com base no índice de Carr (29,41) e fator de Hausner (1,417), e regular com base no ângulo de repouso (37,66°). O ESA demonstrou baixa compressibilidade e compactabilidade, revelando um problema na aplicação deste material na compressão direta. A adição de celulose microcristalina e lactose monohidratada à formulação possibilitou a obtenção de comprimidos com incorporação de 40% do ESA, estes apresentaram adequada uniformidade de dose, tempo de desintegração e resistência a abrasão, porém com baixa resistência mecânica, baixo valor de resistência radial (1,201) e perfil de dissolução com apenas 60% de máximo de liberação do marcador. A otimização da obtenção do ESA melhorou as características de fluxo do pó e de aderência aos punções, mas não foi suficiente para resolver o problema de compactabilidade do material. Neste sentido, institui-se como perspectiva futura a utilização de outras estratégias de incremento tecnológico, biofarmacêutico e de solubilidade, a fim viabilizar a aplicação do ESA no desenvolvimento de formas farmacêuticas sólidas.