GALECTINA-4: PLASTICIDADE SINAPTICA, MEMORIA E NEUROMODULACAO.
Galectina-4; cérebro; memória; neuromodulação.
Distúrbios neurológicos (DNs) são condições crônicas que afetam diretamente a plasticidade sináptica, a memória e o aprendizado. Nas últimas décadas, estudos têm apontado o envolvimento das galectinas expressas no sistema nervoso central em processos de neuromodulação e neuroinflamação associados aos DNs. No entanto, o papel específico da galectina-4 (Gal-4) nesses processos permanece pouco compreendido. Diante disso, o presente trabalho investigou a contribuição da Gal-4 na plasticidade sináptica e consolidação da memória, com ênfase em sua interação com vias de sinalização gabaérgicas, dopaminérgicas e glutamatérgicas. Resultados de análises in silico demonstraram que a Gal-4 apresenta energia de ligação favorável à subunidade GluN2B de receptores glutamatérgicos do tipo NMDA e aos receptores dopaminérgicos D2. A quantificação da expressão de Gal-4 por imunocitoquímica revelou que seus níveis endógenos são dependentes da atividade das vias dopaminérgicas e glutamatérgicas em culturas de neuroblastoma humano. Além disso, os níveis do fator de transcrição de ligação ao elemento de resposta ao AMPc ativado (pCREB), mediante estímulo sináptico com picrotoxina, mostraram-se dependentes do bloqueio da Gal-4 endógena. Por outro lado, o bloqueio de Gal-4 não alterou a expressão gênica de receptores dopaminérgicos, glutamatérgicos, pCREB ou de genes relacionados à plasticidade sináptica. Em modelo in vivo, o bloqueio intra-hipocampal de Gal-4 não afetou a memória de medo na tarefa de condicionamento contextual. Em conjunto, os achados sugerem, de forma inédita, que a Gal-4 endógena exerce um papel neuromodulador na plasticidade sináptica por meio de mecanismos pós-transcricionais homeostáticos envolvendo as vias NMDA/pCREB e D2/pCREB.