ESTUDO DA COMPOSIÇÃO QUIMICA DA GOMA DO CAJUEIRO DOS ESTADOS PIAUÍ, CEARÁ E PERNAMBUCO E AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE
Anacardium occidentale L.; polissacarídeo; método sustentável de purificação; composição centesimal; caracterização físico-química; aspecto microbiológico; toxicidade aguda.
O cajueiro (Anacardium occidentale L.), especialmente presente no Nordeste brasileiro, no qual a goma de cajueiro (GC) e um de seus produtos, sendo um biopolímero com propriedades funcionais e bioativas significativas. Sua exploração tem potencial para substituir outras gomas de relevância que são amplamente importadas, destacando-se como uma alternativa sustentável para as indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. No entanto, a produção de GC é influenciada por condições ambientais e sazonais, afetando sua composição físico-química e microbiológica, o que levanta questões sobre sua estabilidade e padronização de propriedades. Este estudo visa preencher essas lacunas, realizando uma caracterização físico-química detalhada da GC coletada nas regiões do Ceará, Piauí e Pernambuco. A pesquisa utiliza um método sustentável de purificação, livre de solventes orgânicos, alinhando-se às demandas por processos menos impactantes ao meio ambiente. Avaliamos a composição físico-química e microbiológica da GC coletada em diferentes regiões do Nordeste brasileiro, investigando sua estabilidade térmica, solubilidade em diferentes temperaturas, composição mineral, teor de umidade e cinzas. Além disso, busca-se desenvolver um método sustentável de purificação da GC, eliminando solventes orgânicos e promovendo a sustentabilidade. As coletas foram realizadas nas localidades de Santana do Acaraú (CE), Ilha Grande (PI) e Yaguara (PE), considerando fatores sazonais que influenciam diretamente a exsudação da GC. Em períodos de seca, a produção de goma foi mais elevada, evidenciando uma adaptação da planta ao estresse hídrico. A solubilidade foi analisada em temperaturas de 30°C, 40°C e 50°C, indicando alta capacidade de dissolução em todas as amostras. As análises espectroscópicas (FTIR) indicaram as principais ligações funcionais da GC, com bandas características de hidroxilas (O–H) e glicosídicas (C-O), demonstrando sua estrutura polissacarídica. A Difração de Raios-X (DRX) revelou uma estrutura predominantemente amorfa. Nas análises térmicas, a Termogravimetria (TG) identificou eventos de decomposição em fases distintas, com a primeira perda de massa atribuída à evaporação da água absorvida pela goma a 105°C. Em temperaturas mais elevadas, acima de 300°C, foram observados eventos relacionados à despolimerização e à decomposição. A Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) revelou transições endotérmicas. A análise do conteúdo mineral revelou concentrações de potássio (95,14 g/L), magnésio (133,9 g/L) e cálcio (16,25 g/L). Adicionalmente, a análise microbiológica obteve resultados de <10 UFC/g para Escherichia coli, ausência de Salmonella spp., e baixos níveis de bolores e leveduras. Em testes toxicológicos de toxicidade aguda, a GC não apresentou efeitos adversos significativos. Os resultados obtidos demonstram o potencial da GC como um biopolímero sustentável e versátil, cuja composição e estabilidade são influenciadas pelas condições ambientais e sazonais da coleta. A metodologia sustentável de purificação desenvolvida, ao não utilizar solventes orgânicos, conserva as propriedades naturais da GC e reduz seu impacto ambiental. A elevada solubilidade, estabilidade térmica, a presença de minerais benéficos e a ausência de efeitos adversos em testes de toxicidade aguda tornam a GC uma opção promissora para diversas aplicações industriais. A pesquisa sugere que a coleta durante períodos secos podem otimizar a produção e padronizar suas propriedades, ressaltando a relevância da GC para a bioeconomia