Desenvolvimento de uma linhagem repórter de Trypanosoma cruzi para utilização em ensaios préclínicos
doença de Chagas; Trypanosoma cruzi; bioluminescência; luciferase; luciferina.
A doença de Chagas é uma parasitose causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, com grande impacto global, que afeta aproximadamente 70 milhões de pessoas no mundo, a qual é considerada endêmica na América Latina. Apenas dois fármacos, benzonidazol e nifurtimox, são utilizados como tratamento de referência contra a doença. No entanto, a variedade de efeitos adversos desses medicamentos, associados à baixa eficácia na fase crônica da doença, dificultam o processo de cura. A evidente necessidade de novos tratamentos enfrenta desafios relacionados ao método convencional de triagem de novos fármacos. Seria oportuno, assim, a utilização de uma abordagem que auxilie a superar esses desafios. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi desenvolver e avaliar o uso de cepas transgênicas de T. cruzi que expressam o gene da GFP e da luciferase, visando sua aplicação em ensaios préclínicos. Para isso, foi construído o plasmídeo pROCK_LUC_NEO derivado do pROCK_GFP_NEO e ambos foram utilizados para transfecção por eletroporação de epimastigotas das cepas Y e Colombiana. A transgenia dos organismos foi confirmada por análise de microscopia de fluorescência. Também foi realizada citometria de fluxo para definir o percentual de organismos mutantes expressando GFP. Os resultados desta análise apresentaram percentuais de fluorescência próximos de 96% para a cepa Y-GFP e 66% para a cepa Colombiana-GFP. Quanto aos micro-organismos transgênicos que expressam o gene da luciferase, três condições distintas foram avaliadas para verificar a intensidade de luminescência. A comparação entre as cepas, apresentou resultados que demostram níveis muito mais elevados de luminescência nas cepas transgênicas em relação às respectivas cepas selvagens. A intensidade de luminescência detectada apresentou valores superiores a 4 x 107 e 3 x 107 RLU, para as cepas Colombiana-Luc e Y-Luc, respectivamente. A análise do IC50 do benzonidazol sobre as formas epimastigotas indica a necessidade de realização de mais réplicas do ensaio para uma análise mais robusta. A partir desses resultados, é possível avançar para testes in vitro adicionais, bem como a avaliação da infectividade das cepas, antes de prosseguir para os estudos in vivo. Esses dados preliminares indicam o potencial das cepas desenvolvidas para utilização em ensaios pré-clínicos.