VIABILIDADE DE ULTRASSONOGRAFIA POINT-OF-CARE PARA PREDIÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UM ESTUDO PILOTO
hipertensão arterial sistêmica, desfecho cardiovascular, ultrassonografia, POCUS.
Introdução: a hipertensão arterial sistêmica (HAS) em adultos é um importante fator de risco
cardiovascular. No Brasil, a prevalência de HAS em indivíduos adultos é de 32,5%. As lesões de
órgão-alvo (LOA) representam um fator de risco adicional para ocorrência de desfechos
cardiovasculares e progressão depende da duração e intensidade da elevação pressórica.
Objetivo: verificar a relação entre medidas da artéria carótida e artéria radial por meio de
POCUS e marcadores de risco cardiovascular em pacientes com HAS. Métodos: estudo clínico,
observacional, do tipo coorte prospectivo, realizado de fevereiro de 2022 a fevereiro de 2024,
com pacientes hipertensos, acompanhados nos ambulatórios de clínica médica do Hospital Alfa.
Foram realizadas aferições de medidas ultrassonográficas da artéria radial (AR) e carótida
comum (ACC), com aparelho de ultrassom de bolso (POCUS) (Butterfly IQ+). Dados clínicos
foram coletados e os indivíduos seguidos durante dois anos após a inclusão no estudo para
avaliar a ocorrência do desfecho primário, composto por morte de qualquer causa, IAM, angina,
AVC, AIT, claudicação, isquemia crítica de membro inferior, IC, internação por IC
descompensada, EAP, dissecção de aorta, DRC e início de terapia dialítica. Resultados
parciais: foram incluídos 25 pacientes, a mediana de idade foi de 57 anos e 40% eram do sexo
feminino. Cerca de 44% da amostra era acometida por diabetes melitus tipo 2 e IC foi a doença
cardiovascular mais frequente, acometendo 30% dos participantes. Hipertensão resistente foi
encontrada em 12% dos participantes e em 8% dos casos a HAS tinha causa secundária.
Sobrecarga de VE no ECG ou ECO foi a LOA mais frequente em 52% dos casos. Quanto à
VOP, 32% dos pacientes atingiram valores superiores a ponto de corte de 10 m/s. Maiores níveis
de PAD no MRPA estiveram correlacionados à presença de LOA no momento do recrutamento
(r = 0,852; p = 0,007). Não houve correlação mensurável entre velocidade de onda de pulso
(VOP) e graduação do escore SAGE (p = 0,801). A PSV de ACC foi inversamente
correlacionada à VOP (r = -0,492; p = 0,038). Quanto à presença de LOA, não foi possível
encontrar diferença estatística entre variabilidade ACC (p = 0,724), variabilidade AR (p =
0,226), strain da ACC (p = 0,955), strain da AR (p = 0,321). Conclusão: apesar da plausibilidade
matemática, a avaliação de strain vascular da ACC e AR por POCUS não apresentaram
correlação com marcadores de risco cardiovascular.