Avaliação de um microambiente pró-inflamatório na resposta terapêutica em células de câncer de pulmão
Inflamação. Câncer de Pulmão. Macrófagos. Cisplatina
O câncer de pulmão é um dos mais incidentes globalmente e o responsável pelo maior número de óbitos por câncer. O tumor se desenvolve em um microambiente complexo, onde a inflamação desempenha papel fundamental nos processos de tumorigênese e progressão tumoral. O microambiente tumoral é majoritariamente anti-inflamatório, possuindo uma população de macrófagos M2 que expressam citocinas que favorecem o crescimento do tumor. No Brasil, o esquema quimioterápico padrão para o câncer de pulmão de células não pequenas é a associação de cisplatina e etoposideo. No entanto, a resistência à platina e seus derivados é a principal limitação no tratamento, assim como os efeitos colaterais gerados pelo seu uso. Assim, o presente projeto tem como objetivo uma melhor compreensão da interação das terapias já amplamente utilizadas com um meio condicionado por macrófagos M1, sendo de extrema importância para selecionar de forma mais eficiente a terapia a ser utilizada para diferentes grupos de pacientes, além de melhor entendimento da associação de abordagens convencionais e imunoterapia. Para avaliar a citotoxicidade após exposição ao meio condicionado, sozinho ou em associação aos quimioterápicos, foi realizado o ensaio viabilidade celular baseado na conversão do sal MTT. Foi ainda avaliado a ação deste meio condicionado e sua associação aos quimioterápicos no ciclo celular através de citometria de fluxo, onde as células foram marcadas com Iodeto de Propídeo e analisadas pelo software FlowJo. Para avaliar os genes de morte relacionados aos efeitos do meio condicionado, foi realizada PCR em tempo real onde o DNA complementar (cDNA) foi utilizado para avaliar a expressão dos genes caspase 3 e NLRP3. A análise dos dados foi realizada pelo GraphPad Prism 8 e os valores de p<0,05 foram considerados significativos. A exposição da linhagem NCI-H1299 ao meio condicionado pró-inflamatório resultou na redução significativa da viabilidade celular (p<0,0001), além de potencializar a ação da cisplatina e do etoposídeo em reduzir a viabilidade. Os resultados mostram ainda que sua associação a cisplatina resulta num aumento das células de câncer de pulmão na fase S do ciclo celular e, de forma contraditória, quando associados ao etoposídeo, em um aumento de células na fase G1. Os resultados da expressão gênica mostraram que a exposição ao meio condicionado não foi capaz de modular a expressão dos genes caspase 3. Porém, no grupo exposto ao meio condicionado, e em associação a cisplatina ou/e etoposídeo foi possível observar um aumento da expressão de NLRP3, gene relacionado a piroptose. Assim, os resultados deste estudo sugerem que uma presença de mediadores liberados por macrófagos M1, potencializa a ação dos quimioterápicos na viabilidade de células de carcinoma pulmonar, no entanto os mecanismos responsáveis pela morte celular ainda serão melhor avaliados.