ESTUDO DE VALIDAÇÃO EM CAMPO DE TESTE RÁPIDO SOROLÓGICO PARA PESTE APLICADO À VIGILÂNCIA ANIMAL
Yersinia pestis;Teste Diagnóstico point-of-care; Vigilância Epidemiológica; ELISA; Hemaglutinação.
A peste bubônica, causada pela bactéria Yersinia pestis, permanece como uma zoonose de elevada relevância para a saúde pública, sobretudo em áreas com focos históricos de circulação do agente. Apesar da redução expressiva da incidência humana nas últimas décadas, a persistência do ciclo enzoótico e a possibilidade de reemergência da doença impõem a necessidade de estratégias de vigilância epidemiológica sensíveis, específicas e operacionalmente viáveis. Nesse contexto, o presente estudo, ainda em desenvolvimento, tem como objetivo validar em condições de campo o desempenho diagnóstico de um teste rápido imunocromatográfico baseado no antígeno F1 (TR-PESTE) para a detecção de anticorpos anti-Y. pestis em cães, avaliando sua aplicabilidade como ferramenta complementar à vigilância sentinela em áreas historicamente endêmicas. Trata-se de um estudo quantitativo, observacional e transversal, no qual os resultados do teste rápido são comparados aos métodos sorológicos de rotina utilizados nos programas de vigilância, incluindo a hemaglutinação e o ensaio imunoenzimático (ELISA), este último adotado como método de referência. Até o presente momento, foram coletadas 729 amostras de sangue de cães provenientes dos estados de Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas e Bahia. Todas as amostras foram submetidas ao teste rápido em condições de campo, seguindo os protocolos operacionais propostos. Dentre essas, 465 amostras já foram processadas e analisadas pelo ELISA, permitindo a realização de análises pareadas para avaliação do desempenho diagnóstico do TR-PESTE. Os resultados preliminares indicam uma sensibilidade global de 76,5% (IC95%: 60,0–87,6) e especificidade global de 89,5% (IC95%: 86,3–92,1). O valor preditivo positivo foi de 37,1%, enquanto o valor preditivo negativo atingiu 97,9%, evidenciando elevada capacidade do teste rápido em excluir a infecção quando o resultado é negativo. A acurácia geral observada foi de 88,6%. A análise estratificada por estado revelou variações expressivas na sensibilidade, que oscilou de 25% em Alagoas a 100% em Pernambuco, enquanto a especificidade manteve-se relativamente estável, variando entre 86,1% e 98,6%. Esses achados preliminares sugerem que o TR-PESTE apresenta potencial como ferramenta de triagem em campo, especialmente para descartar a circulação do agente em populações caninas. Contudo, as variações regionais observadas reforçam a necessidade de continuidade do estudo, ampliação amostral e análises adicionais para melhor compreensão dos fatores que influenciam o desempenho do teste em diferentes contextos epidemiológicos.