Caracterizacao integrada do SARS-CoV-2: Uma analise genomica e epidemiologica no nordeste brasileiro, da microbiota intestinal e das abordagens terapeuticas
SARS-CoV-2; Nordeste do Brasil; Vigilância genômica; Microbiota intestinal; Abordagens terapêuticas.
A Síndrome Respiratória Aguda Grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2) é responsável pela pandemia da doença do coronavírus-2019 (COVID-19), a qual levou à notificação de milhões de casos em todo o mundo, com o Brasil registrando um dos maiores números de casos e mortes globalmente. Desde então, a vigilância genômica tem sido uma ferramenta fundamental para rastrear a disseminação viral, identificar novas variantes e avaliar seu impacto. Este estudo multifacetado fornece uma análise detalhada da dinâmica do SARS-CoV-2, abrangendo a caracterização genômica e epidemiológica no Nordeste do Brasil, a relação entre a microbiota intestinal e a COVID-19, e as abordagens terapêuticas. Para isso, realizamos a análise de 8.442 genomas de SARS-CoV-2 dos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, recuperados do banco de dados GISAID, com dados de 2020 a 2024. Dados epidemiológicos (casos, óbitos, vacinação) foram coletados do Painel Coronavírus do Ministério da Saúde e integrados com informações do IBGE. Realizamos também uma análise aprofundada do papel da microbiota intestinal e revisamos as principais abordagens terapêuticas para a COVID-19, incluindo antivirais, imunoterapias e novas estratégias. Descrevemos a disseminação temporal e a evolução do SARS-CoV-2 no Nordeste Oriental do Brasil. A análise epidemiológica revelou picos de crescimento de casos e óbitos alinhados às fases nacionais e globais da pandemia, com uma tendência geral de redução da mortalidade em 2023-2024, atribuída ao aumento da cobertura vacinal e à evolução viral para variantes de menor virulência. As regiões metropolitanas, como Recife (PE), João Pessoa (PB), Maceió (AL) e Natal (RN), apresentaram maior incidência e óbitos. A caracterização genômica identificou 21.594 SNPs e 7.366 INDELs, com mutações concentradas em ORF1a, ORF1b, S e N. A dinâmica das linhagens demonstrou a sucessiva emergência e dominância de variantes como Gamma, Delta e Ômicron (incluindo sublinhagens BA.1, BA.2, BA.5, XBB.1.16, XBB.1.5). A análise filogenética demonstrou a circulação de 27 linhagens distintas na região, com predominância de Delta (AY.99.2) e Gamma (P.1), apontando para múltiplas introduções independentes do SARS-CoV-2. Em relação à microbiota intestinal, a disbiose foi correlacionada com a exacerbação da inflamação sistêmica e piores desfechos clínicos, destacando o papel imunomodulador da microbiota. As abordagens terapêuticas, incluindo antivirais e imunomoduladores, mostraram eficácia, mas a necessidade contínua de inovação e adaptação é indispensável devido ao surgimento de variantes virais resistentes e à variabilidade nas respostas dos pacientes. Esses resultados evidenciam elevados níveis de diversidade genômica no Nordeste do Brasil e destacam a importância de investigações contínuas em vigilância genômica para rastreamento de variantes virais. A integração de dados epidemiológicos e genômicos, juntamente com a compreensão da interação entre microbiota e hospedeiro, é fundamental para fortalecer os sistemas de saúde, reduzir a vulnerabilidade a novas pandemias e garantir respostas mais ágeis e eficazes no futuro.