CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, ATIVIDADES ANTINOCICEPTIVAS E ANTI INFLAMATÓRIAS DO EXTRATO AQUOSO DA CASCA DO FRUTO DA Myrciaria floribunda (H. West ex Willd.) O. Berg
Caatinga. Citocinas. Inflamação. Myrtaceae. Dor.
Plantas medicinais constituem uma fonte relevante de compostos bioativos com potencial terapêutico para o manejo da dor e inflamação. Myrciaria floribunda tem uso etnofarmacológico associado a distúrbios inflamatórios, porém evidências experimentais sobre seus efeitos analgésicos e anti-inflamatórios ainda são limitadas. Nesse contexto, a caracterização química e a validação farmacológica de seu extrato torna-se essencial para fundamentar seu possível uso terapêutico. O objetivo do estudo foi caracterizar e avaliar as atividades antinociceptiva e anti-inflamatória em modelos murinos do extrato aquoso da casca do fruto de M. floribunda (AeMf). O extrato foi obtido por maceração da casca do fruto, seguido de análise por cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (CLAE-ESI-MSⁿ) para identificação de metabólitos. A atividade antinociceptiva foi avaliada nos modelos de contorções induzidas por ácido acético e teste da formalina. A atividade anti inflamatória foi analisada por meio de modelos de edema de pata e peritonite. A análise química revelou quatro constituintes majoritários no AeMf: ácido quínico, um derivado hexosídico de ácido graxo, ácido maleico e citrato, confirmando predominância de compostos hidrossolúveis. Nos ensaios biológicos, o AeMf reduziu de forma significativa a dor visceral induzida por ácido acético, com inibições dose dependentes de 42,5%, 55,85% e 90,00%, valores comparáveis à indometacina e próximos ao efeito analgésico da morfina. No teste da formalina, houve redução do tempo de lambedura nas fases neurogênica e inflamatória, alcançando 48,62% e 100,00% na maior dose, superando a indometacina. Além disso, o extrato inibiu a formação de edema e diminuiu a migração celular em modelos inflamatórios induzidos por carragenina. O extrato aquoso de M. floribunda demonstrou atividades antinociceptiva e anti-inflamatória expressivas, atuando por mecanismos periféricos e centrais. Assim, M. floribunda é uma fonte promissora de moléculas bioativas com potencial aplicação no desenvolvimento de agentes terapêuticos para controle da dor e inflamação.