INVESTIGANDO A RELAÇÃO ENTRE A MICROBIOTA ORAL E A DOENÇA DE PARKINSON: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Biomarcadores; Disbiose; Doença de Parkinson; Microbiota.
A Doença de Parkinson (DP) é um transtorno neurodegenerativo associado a processos inflamatórios e alterações na microbiota. Evidências indicam que a microbiota oral pode influenciar a progressão da DP, mas essa relação ainda não está totalmente esclarecida. O objetivo do presente estudo foi investigar, por meio de uma revisão sistemática, a microbiota oral presente em pacientes com DP e sua possível relação com a patogênese e progressão da doença. Após uma intensa busca realizada nas bases de dados BVS, PubMed, Scopus, SciELO e The Cochrane Library, 14 artigos foram selecionados para a leitura completa. Após uma análise minuciosa, 10 estudos atenderam aos critérios de inclusão e foram incorporados à amostra final desta revisão sistemática. Dois revisores avaliaram independentemente o risco de viés nos estudos incluídos, usando a escala de Newcastle Ottawa. A maioria dos autores empregou o método de sequenciamento do gene 16S rRNA, uma abordagem amplamente reconhecida para identificar e caracterizar a composição taxonômica do microbioma. Os gêneros Prevotella, Lactobacillus e Streptococcus foram os mais frequentemente mencionados nos estudos, seguidos por Veillonella e Scardovia. Dentre as espécies mais frequentes, destacaram-se Tannerella forsythia, Prevotella nigrescens, Parascardovia denticolens, Lactobacillus fermentum e Lactobacillus acidophilus. Foi encontrada uma correlação positiva entre a abundância de espécies do gênero Lactobacillus e a progressão da DP. A redução do gênero Neisseria foi estatisticamente correlacionada com a piora cognitiva. As espécies Treponema denticola, Prevotella melaninogenica e Porphyromonas gingivalis são mais prevalentes em pacientes com DP e podem estar ligadas à degradação da barreira hematoencefálica ou à liberação de toxinas que atingem o sistema nervoso central. Os achados desta revisão reforçam a hipótese de que a microbiota oral pode influenciar a Doença de Parkinson por meio de mecanismos inflamatórios e disbiose oral. No entanto, a variabilidade entre os estudos destaca a necessidade de protocolos padronizados para melhor compreensão da relação entre a microbiota oral e a DP.