DETERMINANTES SOCIAIS DOS TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS DE
GESTANTES DO NORDESTE BRASILEIRO
Gestantes; Transtornos Mentais; Determinantes Sociais da Saúde; Enfermagem; Educação em Saúde.
Durante o período gestacional, observa-se uma alta incidência e prevalência de transtornos mentais comuns influenciados por determinantes sociais da saúde. Neste contexto, a enfermagem desempenha um papel crucial no atendimento pré-natal, especialmente na promoção da saúde mental e por meio de estratégias de educação em saúde. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a relação entre os determinantes sociais da saúde e os transtornos mentais comuns de gestantes. Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa, realizado com 165 gestantes atendidas em Unidades de Saúde da Família dos Distritos Sanitários III, IV e VII de Recife, Pernambuco. A coleta de dados foi realizada de julho a outubro de 2024, por meio de um instrumento composto por variáveis relativas aos determinantes e escalas validadas para o contexto brasileiro. Os dados foram organizados em planilhas e analisados utilizando o software JASP. Realizou-se análise descritiva, empregando frequências absolutas e percentuais para variáveis categóricas, e medidas de tendência central para variáveis numéricas. A associação entre os determinantes sociais e os transtornos mentais comuns foi avaliada por meio dos testes t de Student e ANOVA-One Way, com nível de significância de 5% (α=0,05). Procedimentos de bootstrapping e correção de Welch foram aplicados para maior confiabilidade nos resultados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos sob o número do parecer 6.722.320. Os resultados evidenciaram que 65,2% das participantes apresentaram transtornos mentais comuns, associados a fatores como insegurança alimentar sem fome (p=0,002), uso de drogas ilícitas (p=0,021), ausência de suporte do(a) companheiro(a) (p=0,011), sentimento de solidão (p<0,001), diagnóstico de doenças crônicas (p=0,027), dificuldade para realizar exames (p=0,002), gravidez não planejada (p<0,001), gestação de alto risco (p=0,044), ter sofrido violência física (p<0,001), psicológica (p<0,001), patrimonial (p<0,001), moral (p<0,001) e doméstica (p<0,001), histórico de automutilação (p<0,001), pensamentos suicidas (p<0,001), planos para cometer suicídio (p=0,004), acesso aos meios para consumar o suicídio (p=0,021) e histórico pessoal de tentativas de suicídio (p<0,001). Os achados destacam a importância de políticas públicas integradas e intervenções direcionadas para mitigar os impactos dos determinantes sociais da saúde mental, promovendo estratégias de suporte e educação em saúde que contemplem as especificidades do período gestacional.